Representam 99,7% da vida no planeta e fornecem o oxigénio, os alimentos, a energia e as matérias-primas que sustentam as sociedades humanas. Apesar desta presença esmagadora, as plantas continuam, em inúmeros contextos, a ser encaradas como um cenário secundário da vida na Terra. É esta perspetiva do mundo vegeral que o neurobiólogo italiano Stefano Mancuso desafia no livro Verde Brilhante – Sensibilidade e inteligência no mundo vegetal (edição Pergaminho), escrito em coautoria com Alessandra Viola e agora publicado em Portugal.

O livro, que ultrapassou os 360 mil exemplares vendidos em vários países, detém-se em investigações que demonstram como as plantas comunicam entre si e com animais, adotam estratégias de sobrevivência, cuidam da descendência, possuem memória e até capacidade de escolha. Longe de serem organismos passivos, revelam comportamentos complexos que obrigam a repensar a fronteira entre o reino vegetal e o animal.

Professor na Universidade de Florença e diretor do Laboratório Internacional de Neurobiologia Vegetal, Mancuso é um dos fundadores desta área científica. Nascido em Catanzaro em 1965, construiu uma carreira que combina investigação académica, com centenas de artigos e vários livros de divulgação, e projetos aplicados, como robôs inspirados no crescimento das raízes ou sistemas de cultivo energeticamente autónomos. Essa combinação valeu-lhe reconhecimento internacional: foi destacado pela revista The New Yorker como um dos “world changers” da década e pelo jornal La Repubblica como um dos italianos capazes de transformar a vida contemporânea.

Plantas inteligentes? No seu novo livro, o cientista italiano Stefano Mancuso relança um debate de séculos
Plantas inteligentes? No seu novo livro, o cientista italiano Stefano Mancuso relança um debate de séculos créditos: Wikimedia Commons

Em Verde Brilhante, o cientista procura também desmontar preconceitos linguísticos e culturais. Termos como “vegetar” ou “ser um vegetal”, usados em muitas línguas para designar imobilidade ou ausência de consciência, contrastam com as evidências científicas que mostram o contrário. “Sem plantas extinguir-nos-íamos rapidamente”, escreve Mancuso, recordando a dependência humana face a organismos que sobreviveriam sem nós.

O livro apresenta-se também como um convite a uma mudança de olhar. Ao demonstrar que inteligência e comunicação não são exclusivas do reino animal, Mancuso sugere que o estudo das plantas pode oferecer soluções para os desafios tecnológicos e ambientais das próximas décadas. Num momento em que a crise climática obriga a repensar modelos de vida, Verde Brilhante coloca o universo vegetal no centro da discussão sobre o futuro do planeta.

Em Portugal, além da presente obra, os escaparates oferecem-nos outros títulos assinados por Mancuso que aprofundam a mesma linha de investigação e divulgação. A revolução das plantas revela como as soluções encontradas pelo reino vegetal podem inspirar novas tecnologias e formas de organização social. Já o livro A planta do mundo propõe uma reflexão histórica e cultural sobre como certas espécies moldaram civilizações inteiras.

De Verde Brilhante publicamos o excerto abaixo.

Introdução

Serão as plantas seres inteligentes? Serão capazes de resolver problemas? Comunicar com o ambiente à sua volta, com outras plantas, com insetos e animais superiores? Ou, pelo contrário, são organismos passivos, desprovidos de sensibilidade e de qualquer resquício de comportamento individual e social?

Para responder a estas perguntas, precisamos de regressar à Grécia antiga. Já nessa época, questões semelhantes dominavam as disputas mais acesas entre os filósofos, que se dividiam em escolas de pensamento opostas, a favor e contra a possibilidade de as plantas possuírem «alma». O que motivava as suas posições e, mais importante ainda, por que razão séculos de descobertas científicas não foram suficientes para resolver tal dilema? Surpreendentemente, muitos dos argumentos apresentados atualmente são os mesmos formulados há séculos e, mais do que na ciência, baseiam -se no senso comum e em inúmeros preconceitos que fazem parte da nossa cultura há milénios.

“Eu, livro, já fui árvore e sou memória de plantas” – Do amor de Ivo Meco ao mundo vegetal nasceu um objeto literário
“Eu, livro, já fui árvore e sou memória de plantas” – Do amor de Ivo Meco ao mundo vegetal nasceu um objeto literário
Ver artigo

Embora uma observação superficial pareça sugerir que o mundo vegetal tem um nível de complexidade decididamente baixo, a ideia de que as plantas são organismos sencientes, capazes de comunicar, ter uma vida social, resolver problemas complexos utilizando estratégias sofisticadas, ou seja, a ideia de que são, numa palavra, «inteligentes», surgiu ao longo dos séculos em diversas ocasiões. Em diferentes épocas e contextos culturais heterogéneos, filósofos e cientistas (de Platão a Demócrito, de Lineu a Darwin, de Fechner a Bose, só para citar alguns dos nomes mais conhecidos) partilharam a convicção de que as plantas possuem capacidades muito mais complexas do que as reconhecidas habitualmente.

Até meados do século passado, estas eram apenas meras intuições brilhantes. No entanto, nos últimos cinquenta anos, os avanços científicos lançaram finalmente luz sobre o assunto, impondo-nos uma nova perspetiva sobre o mundo vegetal. Este tema será abordado no primeiro capítulo, no qual descobriremos que os argumentos utilizados para negar a inteligência das plantas ainda hoje se baseiam não tanto em dados científicos, mas sobretudo em preconceitos e conceções culturais milenares. Contudo, o momento atual parece verdadeiramente propício para uma mudança na nossa forma de pensar: após décadas de experiências, começamos a ver as plantas como seres capazes de calcular, escolher, aprender e lembrar, a ponto de, há poucos anos, a Suíça – a primeira nação no mundo a fazê-lo – ter reconhecido os direitos das plantas por meio de uma deliberação oficial, apesar das inúmeras polémicas associadas.

Mas, afinal, o que são realmente as plantas e como são constituídas? Ainda que o ser humano viva com elas desde que surgiu na Terra, de forma alguma pode afirmar que as conhece. Não se trata apenas de um problema científico ou cultural: a causa profunda desta relação difícil encontra -se no modo distinto como humanos e plantas evoluíram.

O ser humano, como todos os animais, possui órgãos únicos, o que o torna um organismo indivisível. Já as plantas são organismos sésseis (ou seja, incapazes de se deslocar) e, por isso, evoluíram de forma diferente, desenvolvendo um corpo modular, desprovido de órgãos individuais. A razão desta «solução» é evidente: se um predador herbívoro removesse um órgão cuja função fosse insubstituível, provocaria ipso facto a morte da planta. Esta diferença substancial relativamente ao mundo animal é também um dos principais motivos que até hoje nos impediu de conhecer a fundo as plantas e de as reconhecer como seres inteligentes.

Procuraremos explicar como isso aconteceu no segundo capítulo, no qual veremos como as plantas são capazes de sobreviver a uma predação massiva, revelando-se muito diferentes de nós, animais: por seu lado, as plantas são seres divisíveis, dotadas de inúmeros «centros de comando» e com uma estrutura em rede não muito diferente da estrutura da Internet. Conhecer bem as plantas tornar-se-á cada vez mais importante num futuro próximo. Delas dependeu a nossa existência na Terra (sem a fotossíntese, o oxigénio que possibilitou a vida animal no planeta nunca teria sido gerado) e depende ainda hoje a nossa sobrevivência (são a base da cadeia alimentar), sem deixar de mencionar que também estão na origem das fontes de energia (os combustíveis fósseis) que, há milénios, sustentam a nossa civilização. São, pois, «matérias-primas» preciosas, fundamentais para a alimentação, a medicina, a energia e todo o tipo de materiais. Delas depende igualmente e cada vez mais o nosso desenvolvimento científico e tecnológico.

No terceiro capítulo, descobriremos que as plantas possuem os cinco sentidos do ser humano: visão, audição, tato, paladar e olfato. Cada um deles assume uma forma «vegetal», mas não por isso menos fiável. Será então lícito pensar que, deste ponto de vista, as plantas são semelhantes a nós? Muito pelo contrário: têm uma sensibilidade que ultrapassa muitíssimo a nossa e, além dos nossos cinco sentidos, possuem pelo menos outros quinze. Por exemplo, sentem e calculam a gravidade, os campos eletromagnéticos, a humidade e são capazes de analisar inúmeros gradientes químicos.

Jacarandás de Lisboa. Uma história de exuberância, presença e pertença. A árvore urbana vista por António Bagão Félix
Jacarandás de Lisboa. Uma história de exuberância, presença e pertença. A árvore urbana vista por António Bagão Félix
Ver artigo

Contrariamente ao que se pensa habitualmente, as semelhanças são talvez ainda mais acentuadas do ponto de vista social: no quarto capítulo, veremos como as plantas se orientam no mundo com base nos seus sentidos, interagindo com outros organismos vegetais, com insetos e animais, comunicando entre si e trocando informações graças a moléculas químicas. As plantas comunicam entre si, reconhecem os parentes e demonstram possuir diferentes personalidades. Tal como no reino animal, também no reino vegetal há plantas oportunistas e plantas generosas, honestas e trapaceiras, que recompensam quem as ajuda e que castigam quem tenta prejudicá-las.

Como negar, então, que sejam inteligentes? Em última análise, tudo depende dos termos utilizados e da definição de inteligência que escolhemos: no quinto capítulo, veremos que esta pode ser interpretada como a «capacidade para resolver problemas» e perceberemos que, com base nesta definição, as plantas não são apenas inteligentes, chegando mesmo a ser brilhantes, quanto à escolha das soluções que adotam para enfrentar os desafios associados à sua sobrevivência. Para começar, apesar de não possuírem um cérebro como o nosso, são capazes de responder adequadamente a estímulos externos e de ser, para usar uma palavra que pode parecer estranha quando aplicada a plantas, «conscientes» do que são e do que as rodeia.

O primeiro a sugerir, com base em dados científicos sólidos e quantificáveis, que as plantas eram organismos muito mais sofisticados do que se pensava foi Charles Darwin. Hoje, quase um século e meio depois, um corpus impressionante de investigações confirma que as plantas superiores são efetivamente «inteligentes», ou seja, capazes de receber sinais do ambiente circundante, elaborar as informações obtidas e calcular as soluções mais adequadas para garantir a sua própria sobrevivência. Mas não é tudo: também apresentam a chamada «inteligência de enxame», que lhes permite agir não como uma entidade isolada, mas como uma multidão, fazendo surgir comportamentos de grupo em tudo semelhantes aos de uma colónia de formigas, de um cardume de peixes ou de um bando de aves.

Em geral, as plantas poderiam perfeitamente viver sem nós. Nós, pelo contrário, extinguir-nos-íamos rapidamente sem elas. Ainda assim, mesmo na nossa língua, e em quase todas as outras, expressões como «vegetar» ou «ser um vegetal» adquiriram o sentido de condições de vida reduzidas ao mínimo. «Vegetal para quem?»... Se as plantas pudessem falar, talvez esta fosse uma das primeiras perguntas que nos fariam.

As raízes do problema

No princípio era o verde: um caos de células vegetais. Depois Deus criou os animais e, por fim, o mais sublime entre eles: o ser humano. Na Bíblia, como em muitos outros mitos cosmogónicos, o ser humano é o fruto supremo do trabalho divino, o eleito. Surge quase no final da Criação, quando tudo já está preparado para ele: pronto para ser submetido e governado pelo «senhor da criação».

Como é sabido, a obra divina cumpre-se numa escala temporal de sete dias. As plantas são criadas no terceiro dia, enquanto a mais presunçosa das criaturas vivas chega ao mundo – em último lugar – apenas no sexto. Uma ordem de chegada que, com as devidas ressalvas, encontra correspondência nos conhecimentos científicos atuais, segundo os quais as primeiras células vivas capazes de realizar a fotossíntese apareceram no planeta há mais de três mil e quinhentos milhões de anos, enquanto o primeiro Homo sapiens, o chamado «homem moderno», só surgiu há cerca de duzentos mil anos (o que, na linha temporal da evolução, equivale a dizer há poucos instantes). Chegar por último não impediu, ainda assim, o ser humano de se sentir privilegiado, não obstante os conhecimentos atuais sobre a evolução terem minimizado drasticamente o seu papel de «dominador do universo», relegando -o ao papel muito menos prestigioso de «último a chegar». Uma posição relativa que, a priori, não lhe garante nenhuma supremacia sobre as outras espécies, apesar dos inúmeros condicionamentos culturais que nos induzem a acreditar no contrário.

“Histórias à Sombra do Montado” regressa para sensibilizar a sociedade para a importância deste ecossistema
“Histórias à Sombra do Montado” regressa para sensibilizar a sociedade para a importância deste ecossistema
Ver artigo

A ideia de que as plantas possuem um «cérebro», ou uma «alma», e que até os organismos vegetais mais simples são capazes de sentir e reagir a estímulos externos foi ao longo dos séculos defendida por numerosos filósofos e cientistas. De Platão a Demócrito, de Fechner a Darwin (só para dar alguns exemplos), diversas das mentes mais brilhantes de todos os tempos posicionaram -se a favor do reconhecimento da inteligência vegetal, algumas atribuindo às plantas a capacidade de sentir, outras imaginando-as como seres humanos de pernas para o ar com a cabeça enterrada no chão: seres vivos sensíveis, inteligentes e dotados de todas as faculdades humanas, exceto aquelas que lhes são impossibilitadas por esta... curiosa posição.

Dezenas de grandes pensadores teorizaram e documentaram a inteligência das plantas. Ainda assim, a convicção de que as plantas são seres menos inteligentes e evoluídos, até mesmo do que os invertebrados, e de que, numa «escada evolutiva» hipotética e inexistente – mas bem enraizada em nós –, estão essencialmente apenas um degrau acima dos objetos inanimados, continua a persistir em todas as latitudes da compreensão humana e a insinuar -se continuamente nos nossos comportamentos diários.

Por muitas vozes que se tenham levantado, com base em experiências e descobertas científicas, em defesa do reconhecimento da inteligência vegetal, infinitamente mais surgiram, vez após vez, contra esta hipótese. É como se existisse um acordo tácito entre as religiões, a literatura, a filosofia e até mesmo a ciência moderna para divulgar na cultura ocidental a ideia de que as plantas são seres dotados de um nível de vida (de «inteligência», para já, nem vale a pena falar) inferior ao das outras espécies vivas.

As plantas e as grandes religiões monoteístas

«De cada espécie de aves, de cada espécie de quadrúpedes e de cada espécie de animais que rastejam pela terra, um casal virá contigo para que lhe conserves a vida» (Génesis 6, 18 -21 – Bíblia Sagrada, 2006, Difusora Bíblica, Lisboa). Segundo o Antigo Testamento, foi com estas palavras que Deus revelou a Noé o que deveria ser salvo do Dilúvio Universal para que a vida fosse perpetuada no nosso planeta. Antes do Dilúvio, e obedecendo aos ditames sagrados, Noé levou aves, animais e todas as criaturas que se moviam para o interior da arca: casais de seres «puros» e seres «impuros» para que a reprodução das espécies fosse assegurada.

E as plantas? Nenhuma menção é feita a elas. Na Sagrada Escritura, o mundo vegetal não só não é considerado igual ao mundo animal: ele não é considerado de forma alguma! É abandonado ao seu destino, provavelmente o de ser aniquilado pelo Dilúvio ou de lhe sobreviver juntamente com as outras coisas inanimadas. As plantas são tidas em tão baixa consideração que permanecem esquecidas.

Apesar disso, as contradições existentes neste trecho não tardam a manifestar-se. E a primeira torna -se evidente logo no decorrer da narrativa. Após o longo naufrágio da arca, quando já não chovia há alguns dias, Noé solta uma pomba para lhe trazer notícias do mundo. Existem terras não submersas? Estão perto? São habitáveis? A pomba responde a todas as suas perguntas, regressando com um ramo de oliveira no bico: a planta oferece-lhe a garantia de que algumas terras reemergiram e de que a vida era novamente possível nelas. Noé sabe bem (mesmo que nunca o afirme explicitamente) que sem plantas não pode haver vida na Terra.

Plantas inteligentes? No seu novo livro, o cientista italiano Stefano Mancuso relança um debate de séculos
Plantas inteligentes? No seu novo livro, o cientista italiano Stefano Mancuso relança um debate de séculos créditos: Pergaminho

A notícia da pomba é rapidamente confirmada e pouco depois a arca encalha no Monte Ararat. O grande patriarca desembarca e faz descer os animais, agradecendo ao Senhor. As obrigações assumidas haviam sido cumpridas. E agora, qual é o primeiro gesto livre de Noé? Plantar uma videira. Mas de onde vem esta videira se não é mencionada em nenhum outro ponto do texto? Evidentemente, também a tinha levado consigo antes do Dilúvio, consciente da sua utilidade, ainda que desconhecedor da sua pertença às espécies vivas.

Desta forma, sem que o leitor quase se aperceba, a ideia de que as plantas não são seres vivos insinua-se na narração das Sagradas Escrituras. A duas delas em particular, a oliveira e a videira, é simbolicamente atribuído no Génesis o valor do renascimento e da vida, mas ao restante mundo vegetal não se reconhece qualquer característica vital. De qualquer forma, não se pode certamente dizer que o Cristianismo seja a única religião a negar às plantas o estatuto de seres vivos! Também o Islão e outras confissões religiosas se recusaram implicitamente a reconhecer às plantas a condição de seres vivos, equiparando-as a objetos inanimados. A arte islâmica, por exemplo, para respeitara proibição de representar Alá ou qualquer outra criatura viva, dedica-se apaixonadamente à representação de plantas e flores, a ponto de o estilo floral quase se tornar o seu emblema, graças à convicção óbvia de que os vegetais não são seres vivos: se o fossem, seria proibido representá-los! Na verdade, não existe uma proibição explícita de representar animais no Corão: a interdição é transmitida através dos hadiths, os ditos do profeta Maomé nos quais se funda a interpretação da lei corânica, em virtude do facto de que, no Islão, não há outra divindade além de Alá, e tudo vem dele, e tudo o representa. É evidente que isto não se aplica às plantas.

No entanto, nem todas as religiões têm a mesma relação com o mundo vegetal. Os índios americanos e vários outros povos indígenas reconhecem a sua sacralidade incontestável. A relação entre a espécie humana e as plantas é totalmente ambivalente. Por exemplo, o próprio Judaísmo, que se baseia no Antigo Testamento, proíbe a destruição gratuita das árvores e celebra o seu Ano Novo (Tu Bishvat). A ambivalência reside em que, por um lado, o ser humano está intimamente consciente de que não pode viver sem as plantas e, por outro, recusa-se a reconhecer o papel que elas desempenham no Planeta.

Enquanto algumas religiões sacralizaram os vegetais (ou melhor, parte deles), outras chegaram ao ponto de os odiar e até mesmo demonizar. Aconteceu, por exemplo, durante a Inquisição, com plantas que se acreditava serem utilizadas em poções por mulheres acusadas de bruxaria: juntamente com as bruxas, foram também levados a julgamento o alho, a salsa e o funcho!

Além disso, ainda hoje as plantas com efeitos psicotrópicos são tratadas de forma especial: algumas são proibidas (como se pode proibir uma planta?, poder-se-ia proibir um animal?), outras são controladas, outras ainda são consideradas sagradas e usadas pelos xamãs durante as cerimónias tribais.

Imagem de abertura do artigo cedida por Freepik.