A falta de empatia no ambiente hospitalar é um fator que compromete gravemente a coordenação, o bem-estar e a saúde mental dos próprios profissionais de saúde, com consequências negativas na qualidade do atendimento e na satisfação dos utentes.
No contexto das equipas de enfermagem, onde a colaboração e a comunicação são essenciais, a falta de liderança empática ou de empatia entre colegas cria um ambiente tóxico que provoca stress, desconexão emocional, insegurança, conflitos e aumenta o risco de burnout.
Em ambientes assim, pequenos desentendimentos e falhas de comunicação rapidamente podem gerar conflitos interpessoais. Os elementos perturbadores, tendem a criar um clima negativo através de atitudes e comportamentos que geram tensão, desconfiança e desrespeito entre os colegas.
Além dos fatores individuais também a sobrecarga das escalas de trabalho e a falta de recursos aliadas a uma cultura de serviços mínimos podem contribuir para a falta de empatia. Esta problemática, mais comum no funcionarismo publico, deriva do facto de muitos profissionais ganharem o mesmo salário, independentemente do desempenho, levando à tal cultura de “serviço mínimo”, onde apenas fazem o estritamente necessário para manter o emprego.
Este fenómeno é amplamente explicado pela teoria da equidade de Adams, que afirma que os colaboradores comparam o seu esforço e recompensas com os dos colegas. E, quando percebem uma desigualdade, sentem-se desmotivados e adotam comportamentos conformistas, nivelando-se pelos mínimos, Isto gera desmotivação e quebra de produtividade nos mais empenhados. Nesta situação, seria aconselhável criar um plano de incentivos que diferencie quem vai além das expectativas como bonificações por desempenho, reconhecimento público ou oportunidades de formação e crescimento na carreira.
A competição substitui a colaboração, tornando o ambiente pesado e afetando a moral e o desempenho da equipa. Isso fomenta uma cultura de individualismo, onde cada um trabalha isoladamente, sem se preocupar com o impacto no serviço ou nos utentes. Como resultado, a rotatividade aumenta, já que os enfermeiros, preocupados com sua saúde mental, procuram novos locais de trabalho onde se sintam respeitados e emocionalmente apoiados.
Para reverter esse cenário, é fundamental que as chefias dediquem tempo a escutar as pessoas, promovam uma liderança empática baseada no feedback assertivo e no reforço positivo e onde se valorize o mérito e se promovam ações de teambuilding que criem verdadeiras conexões humanas.
A igualdade salarial, deve considerar o esforço e a competência, para não nivelar por baixo e desvalorizar o mérito. A solução passa pela implementação de sistemas de avaliação de desempenho, incentivos ao mérito e formação contínua para promover um ambiente de trabalho mais justo, motivador e produtivo.
Além disso, é fundamental implementar programas de treino em inteligência emocional para descompressão, dar formação em inteligência relacional e em comunicação não violenta e criar espaços com equipas de apoio pois o investimento na promoção da empatia, a longo prazo vai melhorar a qualidade dos serviços médicos e promover a retenção de talentos.
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