“O continente africano imunizou menos de 2% da população, que é de 1,3 mil milhões de pessoas, ao passo que o mundo já vacinou 2,2 mil milhões de pessoas”, lamentou John Nkengasong, durante a sua intervenção na apresentação da parceria com a Fundação Mastercard, que liberta 1,3 mil milhões de dólares, cerca de mil milhões de euros, contra a pandemia.

“O continente africano adquiriu 54 milhões de doses e 32 milhões de vacinas foram administradas em África, mas temos de imunizar 750 milhões de pessoas, que representam 60% da população”, acrescentou o responsável, mostrando-se preocupado com o atraso na compra, distribuição e administração das vacinas no continente.

A parceria com a Fundação Mastercard visa “aumentar a capacidade de vencer a batalha contra a pandemia, aumentar a capacidade de distribuição das vacinas independentemente de quais são essas vacinas, e fortalecer as instituições africanas”, disse John Nkengasong.

As oito áreas principais de atuação, de acordo com o diretor do África CDC, são a aquisição e logística na compra de vacinas, fortalecimento da logística dos países e a criação de centros de vacinação e formação de colaboradores.

Para além disso, a parceria vai fomentar também o envolvimento das comunidades e comunicação dos riscos, fármacovigilância, vigilância genómica das variantes da covid-19, implementação de sistemas e instrumentos digitais e assistência técnica à gestão dos programas nacionais de vacinação.

A Fundação Mastercard anunciou hoje que vai doar 1,3 mil milhões de dólares nos próximos três anos para ajudar a combater a pandemia de covid-19 e acelerar a recuperação económica no continente africano.

“Em parceria com a União Africana e o África CDC, a Fundação Mastercard orgulha-se de anunciar a entrega de 1,3 mil milhões de dólares [um pouco mais de mil milhões de euros] nos próximos três anos para salvar vidas e rendimentos de milhões de pessoas e acelerar a recuperação económica do continente”, disse a presidente desta entidade, Reeta Roy.

Na apresentação da parceria, em formato digital, a responsável vincou que a parceria hoje anunciada tem quatro prioridades: “Adquirir vacinas para pelo menos 50 milhões de pessoas, apoiar a entrega e distribuição para muitos mais milhões de pessoas no continente, preparar a força de trabalho para a produção de vacinas em África e fortalecer o África CDC para implementar esta iniciativa histórica em conjunto com os países africanos”, disse a responsável.

Na intervenção, Rita Roy disse que esta iniciativa deverá “desbloquear o potencial económico do setor da saúde e criar empregos e oportunidades para milhares de pessoas” e defendeu que são necessários “investimentos sistémicos para aumentar a segurança e a resiliência do setor”.

África registou mais 361 mortes associadas à covid-19 nas últimas 24 horas, o que eleva o total de óbitos desde o início da pandemia para 132.786, e 22.386 novos infetados, de acordo com os dados oficiais mais recentes.

Segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de casos no continente é de 4.938.325 e o de recuperados é de 4.457.645, mais 11.773 nas últimas 24 horas.

A África Austral continua a ser a região mais afetada, com 2.130.412 casos e 65.585 óbitos associados à covid-19. Nesta região encontra-se o país mais atingido pela pandemia no continente, a África do Sul, que contabiliza 1.699.849 casos e 57.063 mortes.

A pandemia de provocou, pelo menos, 3.731.297 mortos no mundo, resultantes de mais de 173,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.