“Existe um problema de agilização no acesso à bomba e, depois, no apoio à formação para que as pessoas possam colocar a bomba e aprender a usá-la”, disse à Lusa José Manuel Boavida, ao alertar que a “capacidade de resposta é muito menor do que as necessidades” do país.
Segundo José Manuel Boavida, a população a abranger por estas bombas comparticipadas pelo Estado é de cerca de 15 mil pessoas, num processo que começou pela colocação de cerca de 100 bombas por ano e que tem vindo a aumentar “consoante a capacidade de resposta” dos serviços de saúde.
“Como não há meios e como a dificuldade de ensino para colocar as bombas é grande, os serviços vão colocando só à medida das capacidades” dos centros hospitalares que têm de ter determinadas características reconhecidas pela Direção-Geral da Saúde, referiu José Manuel Boavida.
As bombas de insulina permitem uma melhoria da qualidade de vida, uma vez que dispensam a administração de múltiplas injeções por dia, assim como uma melhoria do controlo glicémico, pois imitam de uma forma mais próxima a secreção fisiológica de insulina pelo pâncreas.
O presidente da APDP disse que “esses centros são limitados e têm poucos meios e não há tantos centros assim, porque nem todos os hospitais são centros reconhecidos”, apesar de já se verificar uma maior distribuição por todo o país, referiu o responsável da APDP.
José Manuel Boavida disse que "a associação tem insistido muito para que este processo se torne muito ágil” ao nível dos vários organismos do Ministério da Saúde e que passe a ser feito à semelhança do que acontece com a prescrição de medicamentos para permitir que, dentro de poucos anos, as 15 mil pessoas fossem abrangidas por estas bombas de perfusão subcutânea contínua de insulina.
“Neste momento, tem de haver concursos anuais” para a aquisição de bombas de insulina e “todo este processo poderia ser agilizado sem ter de envolver permanentemente diferentes organismos do Ministério da saúde", disse José Manuel Boavida, ao adiantar que o acesso às bombas começou pelas crianças, que foram definidas como prioritárias.
De acordo com o presidente da APDP, o concurso dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde para a aquisição das chamadas bombas inteligentes de nova geração, que permitem calcular a dose de insulina necessária através a leitura dos valores da glicemia e da introdução da quantidade de comida que se vai ingerir, está à espera de um parecer do Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).
No final de 2021, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde adiantou que cerca de 4.000 diabéticos estão em tratamento em Portugal com bombas de perfusão subcutânea contínua de insulina, um número que tem vindo a crescer desde 2018, passando de pouco mais de 2.800 para cerca de 4.000.
“Em 2021, no âmbito do programa de tratamento com Perfusão Subcutânea Contínua de Insulina do Programa Nacional para a Diabetes, foram adquiridos dispositivos para todos os doentes com indicação, sem limite de idade, de acordo com a capacidade de colocação dos centros de tratamento”, sublinhou.
Na altura, anunciou ainda que este ano serão incluídos neste programa, pela primeira vez, dispositivos híbridos e microbombas (bombas inteligentes).
“Ainda que para um número limitado de doentes, este será um salto qualitativo importante no tratamento das pessoas com Diabetes tipo 1”, afirmou Lacerda Sales na ocasião.
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