Nos últimos dias têm chegado à Ordem vários apelos de médicos que estão preocupados com o fim da prescrição de receitas por via manual.
A iliteracia informática contribui para que médicos mais velhos continuem a optar pelas receitas escritas à mão, sendo essa a única forma que têm de dar consultas e assistir os doentes. O que por sua vez, ocorre frequentemente em zonas do país mais isoladas, onde há escassez de acesso a cuidados de saúde.
A Ordem dos Médicos tem levado adiante múltiplas ações com o intuito de dar formação a esses profissionais, no entanto persiste, por parte de um número residual de médicos, uma inadaptação informática que é bastante difícil de ultrapassar.
De acordo com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães: “Quem não está no terreno e quem não vê doentes não faz ideia das realidades vividas, sobretudo nas regiões mais carenciadas”.
Consequentemente, o bastonário destaca que tornar as receitas unicamente eletrónicas é uma medida perigosa. “Não há nenhum país do mundo que tenha as receitas 100% eletrónicas”, sublinhou.
Além da questão da inaptidão informática, a possibilidade da prescrição manual continua a ser essencial perante a inoperabilidade dos sistemas.
Com estas preocupações em mente, o bastonário solicitou ao Ministério da Saúde, que seja prorrogada a manutenção das exceções contempladas no artigo 8.º da Portaria 224/2015, de modo que os médicos possam continuar a efetuar prescrições manuais após 30 de junho.
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