Segundo o estudo europeu Public attitudes towards colonoscopy, os vários mitos e o desconhecimento dos benefícios da colonoscopia podem reduzir a probabilidade deste exame ser realizado por milhares de pessoas. As conclusões levam a Associação Europacolon Portugal a querer mais uma vez desmistificar a realização de colonoscopias e sensibilizar a população para a importância da realização deste exame como forma de prevenir e diagnosticar atempadamente o cancro colorretal.
O cancro do cólon e do reto é um tumor maligno e causa 11 mortes por dia em Portugal.
O estudo, que resultou de um inquérito realizado a dois grupos distintos (quem nunca fez o exame e quem o fez nos últimos cinco anos), pretendeu avaliar a atitude das pessoas em relação à realização da colonoscopia, o conhecimento sobre o procedimento e a informação sobre o exame. As conclusões permitiram desmistificar as expectativas que as pessoas têm em relação a este procedimento médico.
A maior parte dos inquiridos (94%) considerou o procedimento melhor ou igual ao expectável e apenas 6% o considerou pior. Verificou-se que o exame em si é a pior parte do processo para aqueles que nunca fizeram o exame (38%), enquanto que os que foram submetidos a uma colonoscopia salientaram a preparação intestinal como a pior fase (47%).
A colonoscopia está fortemente associada ao diagnóstico de uma doença intestinal ou cancro e, por isso, acaba por ser menos vista como um procedimento preventivo ou terapêutico, causando maior resistência por parte da população. Segundo o estudo, a maioria das pessoas prefere consultar um médico para obter informações sobre o que é a colonoscopia (80%), do que pesquisar informação na internet.
O conhecimento sobre a quantidade de líquido a ser ingerido para a preparação do exame não corresponde à realidade. A maior parte das pessoas inquiridas acham que o líquido de preparação para o exame tem 1 litro ou menos (67%) e apenas 12% pensa que terá 2 litros.
Apesar da experiência da realização da colonoscopia ter sido considerada melhor do que o expectável, dois em cada cinco adultos ainda ficariam envergonhados de a fazer novamente. No grupo dos que nunca realizaram o exame, 59% refere que seria uma situação desconfortável e 43% das pessoas que já realizaram continuam a sentir o mesmo constrangimento como se fosse a primeira vez.
"Na maior parte dos casos a falta de vigilância leva a um diagnóstico tardio, precisamente por não haver sintomas na fase inicial da doença e por isso não são realizados os rastreios preventivos. As fases iniciais do cancro do intestino, por norma, não causam dor. Mesmo sem qualquer sintoma, a partir dos 50 anos é necessário fazer o despiste, pois a progressão da doença é silenciosa. Se a doença for detetada a tempo, poderá ter cura em 90% dos casos", sublinha Vitor Neves, presidente da Europacolon Portugal.
"Para acabar com os mitos associados à colonoscopia é necessário alertar, informar e motivar a população, não só sobre o exame, mas também para as consultas de rotina, uma vez que os médicos têm um papel fundamental neste processo. É também fundamental haver igualdade de acessos, combater as assimetrias regionais e investir no desenvolvimento de profissionais de saúde e novas tecnologias", acrescenta.
O cancro colorretal é o tumor maligno com maior incidência (14,5%). Surgem 370 mil novos casos por ano na Europa, 170 mil acabam por morrer. Existem mais de 80 mil doentes ativos e 50% da população desconhece os sintomas desta patologia.
A maioria dos cancros do cólon e reto desenvolvem-se a partir de lesões no intestino grosso – os pólipos, mais especificamente os pólipos adenomatosos (ou adenomas), que são formações que surgem na camada que reveste a mucosa do intestino grosso.
Muitas das mortes provocadas pelo cancro seriam evitáveis através de medidas de prevenção como a diminuição da exposição a fatores de risco e o diagnóstico precoce através da realização do rastreio.
A colonoscopia total (endoscopia do cólon e reto) é o único meio eficaz de rastreio do cancro colorretal porque, para além de diagnosticar lesões avançadas, pode tratar lesões benignas (pólipos) com potencial maligno. O exame permite reduzir até 40% o número de casos de cancro colorretal, doença que mata 1,2 milhões de pessoas a cada ano em todo o mundo.
Sintomas a que a população deve estar atenta:
- Alteração persistente dos hábitos intestinais, com o aparecimento de prisão de ventre ou diarreia, sem razão aparente;
- Perda de sangue pelo recto/ânus ou misturado nas fezes sem irritação, dor ou prurido;
- Sensação de que o intestino não esvazia completamente;
- Dor forte ou desconforto abdominal, sem explicação aparente;
- Cansaço e emagrecimento sem razão aparente.
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