De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, em 2018 foram detetados 499.667 novos casos de cancro colorretal, 242.483 dos quais resultaram em morte.
Um melhor rastreio permite identificar os casos em fase inicial, o que dá ao doente 90% de probabilidade de sobreviver, face a apenas 10% quando a doença é detetada em estadios avançados.
Por outro lado, 60% das mortes poderiam ser evitadas se as pessoas com mais de 50 anos fizessem um rastreio regular e se a população estivesse atenta aos principais fatores de risco desta patologia.
Quais são os fatores de risco do cancro colorretal?
Até à data, com excepção de alguns síndromes genéticos hereditários, como é o caso da Polipose Adenomatosa Familiar e o Síndrome de Lynch, não são conhecidas causas específicas para o aparecimento de cancro colorretal. No entanto, estão identificados fatores de risco que podem contribuir para o seu desenvolvimento. É importante referir que estes fatores aumentam o risco de desenvolvimento do cancro colorretal, mas a sua presença isolada não condiciona obrigatoriamente a existência de cancro.
Alguns destes fatores de risco são modificáveis, pois estão relacionados com o estilo de vida, como é o caso da: dieta com elevado consumo de carnes vermelhas, carnes processadas e pobre em fibras; a obesidade; o tabagismo e o sedentarismo. Outros fatores de risco não podemos modificar, pois dependem do normal envelhecimento da população, da existência de doenças crónicas que podem aumentar o risco de aparecimento de cancro colorretal (como é o caso da doença inflamatória intestinal) ou da existência de história familiar de cancro colorretal ou de outros tipos de cancro.
Um dos aspetos mais importantes da prevenção assenta no diagnóstico precoce, através do rastreio sistemático da população
Quais são os sinais e sintomas?
Nas fases iniciais desta doença podem não existir sinais nem sintomas e, mesmo quando estes surgem, frequentemente passam despercebidos. Quando presentes, as queixas mais frequentes são a perda de sangue nas fezes (por vezes sangue vermelho vivo ou escuro, outras vezes, a presença de fezes de cor preta), a alteração recente dos hábitos intestinais (obstipação ou diarreia), presença de muco nas fezes ou mesmo emagrecimento e dor abdominal.
Em alguns casos, pode estar presente anemia em análises efetuadas ao sangue, que se pode manifestar por fadiga, cansaço fácil ou palidez.
Qual a incidência da doença em Portugal?
Em 2018 foram diagnosticados 10.270 novos casos de cancro colorretal em Portugal. Neste momento, é o tipo de cancro mais frequente na população portuguesa, sendo o segundo mais comum em ambos os sexos, depois do cancro da próstata nos homens e do cancro da mama nas mulheres.
Como se pode prevenir este tumor?
É importante manter estilos de vida saudáveis, evitando o tabagismo, praticando exercício físico regular e cumprindo uma dieta equilibrada e rica em fibras. No entanto, um dos aspetos mais importantes da prevenção assenta no diagnóstico precoce, através do rastreio sistemático da população. Algumas organizações internacionais - como a American Cancer Society - alteraram as suas recomendações no início deste ano, antecipando para os 45 anos a idade aconselhada para dar início ao programa de rastreio.
O rastreio, para além do diagnóstico dos casos de cancro colorretal, pode evitar o seu desenvolvimento, uma vez que a extração endoscópica de lesões ou pólipos nas formas iniciais de displasia e nas fases precoces de neoplasia, pode evitar o desenvolvimento deste tumor.
Qual a melhor forma de rastrear o cancro colorretal?
Os programas de rastreio incluem frequentemente a pesquisa de sangue oculto nas fezes, o teste imunoquímico fecal, a colonografia por TAC e a colonoscopia.
Os testes realizados às fezes são simples e permitem, de modo não invasivo, detetar pequenas quantidades de sangue (ou de produtos derivados do sangue) que podem ter origem nas lesões tumorais do intestino.
A colonografia por TAC é um método não invasivo que permite observar o intestino, cólon e reto, detetando lesões no seu interior.
Em Portugal têm sido realizados esforços importantes no acesso aos programas de rastreio e no atendimento e tratamento em tempo útil dos doentes com cancro do cólon e do reto
A colonoscopia total permite a visualização direta e completa do cólon e reto e, apesar de ser o método mais invasivo, tem maior capacidade de diagnóstico para pequenas lesões. É o único que também pode ser terapêutico. Durante a colonoscopia é possível a realização de biópsia de leões suspeitas ou efetuar a excisão imediata de pólipos e de lesões passíveis de remoção endoscópica.
Portugal está no bom caminho no tratamento desta patologia?
Em Portugal, têm sido realizados esforços importantes no acesso aos programas de rastreio e no atendimento e tratamento em tempo útil dos doentes com cancro do cólon e do reto.
No tratamento desta doença estão disponíveis no nosso país as mais atualizadas opções terapêuticas, médicas e cirúrgicas. No entanto, há sempre áreas passíveis de melhoria e otimização. A par do desenvolvimento técnico e terapêutico é necessário também o investimento e promoção de programas específicos de investigação científica aplicada à clínica, na área do cancro do cólon e reto.
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