Hoje em dia os médicos diagnosticam este tipo de tumor fazendo uma biópsia, ou seja, com uma mostra de células obtidas com um corte no útero, o que às vezes também exige a inserção de um histeroscópio.
Trata-se de um exame doloroso, que 31% das pacientes precisam de repetir devido a problemas técnicos ou por uma dor intolerável que dificulta o exame.
Mas uma equipa de cientistas da Universidade de Manchester desenvolveu uma nova ferramenta de deteção, baseada na colheita de urina ou secreções vaginais, que as mulheres podem fazer em casa.
De acordo com o estudo, publicado na revista Nature Communications, o novo sistema diagnosticou de maneira correta 91,7% das mulheres que realmente tinham cancro do endométrio, ou cancro do colo do útero, que é diferente do cancro cervical, detetado com uma citologia simples.
No caso das mulheres sem cancro do endométrio, o exame teve eficácia de 88,9% para o diagnóstico negativo.
"Os nossos resultados demonstram que células cancerosas do útero podem ser detetadas em mostras de urina e vagina utilizando um microscópio", explica a professora Emma Crosbie, diretora do estudo, citada em comunicado.
Este método poderia ser utilizado para "detetar as pessoas suspeitas de sofrer de cancro do útero" e para que sejam examinadas em profundidade se o teste for positivo.
"Aquelas com resultado negativo estarão tranquilas, sem a necessidade de passar por procedimentos desagradáveis, invasivos, que provoquem ansiedade e caros", afirmou.
O estudo "promissor", com a participação até ao momento de 216 mulheres, 103 delas com suspeita ou que sabiam que tinham cancro do útero, terá que ser "confirmado por uma investigação mais ampla", destacou a especialista em oncologia ginecológica.
O cancro do endométrio é o sexto cancro mais comum entre as mulheres, com 382.000 novos diagnósticos e 89.900 mortes provocadas pela doença em todo o mundo em 2018.
A maioria das mulheres são tratadas a tempo após a deteção dos primeiros sintomas - incluindo hemorragias após a menopausa -, mas 20% das que são diagnosticadas numa fase avançada da doença têm apenas 15% de possibilidades de viver mais de cinco anos.
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