O acesso ao diagnóstico precoce e a tratamentos oncológicos deve ser igual para todos, independentemente do nível de instrução, rendimento ou local de residência.
Quando falamos de cancro não podemos ficar indiferentes ao cancro da próstata, o segundo cancro mais comum no sexo masculino. Segundo evidência da base de dados Globocan, em 2022, foram diagnosticados cerca de 1.6 milhões de novos casos de cancro de próstata no Mundo, e concretamente, em Portugal, cerca de 8000 novos casos. O risco de desenvolver cancro de próstata aumenta com a idade. No entanto, importa referir que a incidência deste tipo de cancro está igualmente a aumentar em camadas mais jovens, fruto de fatores não totalmente esclarecidos, mas que poderão ter que ver com a exposição a fatores ambientais e hábitos de vida menos saudáveis.
Atualmente, reconhecem-se 3 principais fatores de risco para o desenvolvimento de cancro da próstata: Idade - o risco aumenta com a idade, principalmente acima dos 50 anos; Etnia africana / afro-americana; Predisposição genética – doentes com história familiar de cancro de próstata ou portadores de certas alterações genéticas (frequentemente, nos genes BRCA, mas estando descritas várias outras alterações de suscetibilidade) têm um risco aumentado. Outros fatores que também se parecem associar a um aumento do risco de cancro de próstata, são a síndrome metabólica (obesidade, hipertensão arterial, entre outros), fatores dietéticos tais como uma ingestão excessiva de álcool, o sedentarismo, ou situações de inflamação crónica da próstata.
Estes dados reforçam a importância de homens com mais de 50 anos cuidarem da saúde da sua próstata durante todo o ano, e não apenas no conhecido “Movember” (o mês de novembro dedicado à sensibilização para o cancro da próstata), estando atentos ao seu corpo e agendarem periodicamente consulta com o seu Médico de Família e/ou Urologista.
Ainda existem diversos mitos e preconceitos associados ao cancro da próstata, como o receio ou estigma associado a uma potencial ameaça à virilidade masculina. Muito homens adiam consultas médicas regulares, o que pode resultar em diagnósticos mais tardios. Um outro mito, prende-se com a idade - embora se verifique que o cancro de próstata se associa habitualmente a uma idade mais avançada, este poderá também afetar homens mais jovens; e efetivamente a sua incidência parece estar a aumentar nesta subpopulação. Um diagnóstico tardio associa-se a uma menor probabilidade de identificar a doença numa fase localizada e potencialmente curável!
Algumas iniciativas como a plataforma informativa, Próstata Sem Tábus, quebram tabus e clarificam mitos sobre o cancro da próstata, o tumor mais frequente nos homens em países industrializados, e deixam também algumas dicas para prevenir ou melhor lidar com este tipo de cancro. Trazendo o discurso para a sociedade civil, podemos conduzir alguns homens a falar sobre esta temática com o seu médico assistente, ou mesmo entre amigos e familiares, abrindo as portas ao debate e normalização desta problemática.
Para saberes mais sobre os cuidados a ter com a patologia oncológica prostática consulta prostatasemtabus.pt. Close the Care Gap – Por cuidados mais justos!
Um artigo do médico oncologista João Vasco Barreira, da CUF Oncologia & AIM Cancer Center.
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