Um homem foi transportado para o Hospital de São João, no Porto, com a suspeita de estar infetado com o coronavírus de Wuhan. À Lusa, fonte do Serviço Nacional de Saúde (SNS) confirmou a suspeita, mas não avançou dados sobre a pessoa em causa.
De acordo com o Jornal de Notícias (JN), trata-se de um cidadão italiano, de 62 anos, residente em Felgueiras, que presta serviços de robótica a empresas e que fez uma viagem de negócios à China. É o segundo caso suspeito em Portugal em menos de uma semana. O primeiro foi encaminhado para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, deu negativo.
Segundo o mesmo jornal o cidadão italiano esteve cinco horas dentro de uma ambulância dos bombeiros de Felgueiras, até à chegada da equipa especializada do INEM, que o levou para o Hospital São João, no Porto.
Em declarações ao JN, Diana Peixoto, filha de Armindo Peixoto, o dono da Armipex, e empresa para a qual o cidadão italiano presta serviços, afirmou que "tinha muita febre e falta de ar e tinha tossido durante a noite. Pediu-me uma Aspirina, mas achei melhor levá-lo a uma clínica". Foi na clínica que o italiano explicou ter chegado da China no dia 22, o que deu origem à suspeita de ter contraído o coronavírus.
A informação foi confirmada em comunicado pela Direção-Geral da Saúde (DGS): "Este doente regressou da China no dia 22 de Janeiro, onde teve contacto com um cidadão com provável infecção pelo 2019-nCoV, e está a ser encaminhado para o Centro Hospitalar Universitário de S. João no Porto, Hospital de Referência para estas situações".
No entanto, o doente não foi nesse moemnto encaminahdo para o hospital. De volta à fábrica, foi isolado numa sala e Diana Peixoto contactou a Linha Saúde 24. Os bombeiros de Felgueiras responderam à chamada, mas o cidadão italiano acabou por ficar fechado na ambulância até às 20.30 horas, perto de cinco horas, até à chegada da equipa especializada do INEM. O protocolo determina que os meios são acionados só após confirmação da suspeita de coronavírus.
Segundo o JN, o cidadão italiano ficará no hospital de São João até se confirmar se está infetado com o novo coronavírus. O teste será feito no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, em Lisboa, já que o São João não tem os kits necessários.
Segundo fonte hospitalar não identificada, o homem vai ficar em isolamento, num quarto de pressão negativa, uma medida de consta dos planos de tratamento nestes casos.
A DGS acrescentou em comunicado que fará atualização da situação "logo que seja conhecido o resultado das análises laboratoriais".
Ainda de acordo com o JN, há a suspeita de um outro homem infetado com coronavírus em Cascais, mas DGS desmente. Segundo aquele jornal, trata-se de um cidadão chinês que chegou de Wuhan com queixas respiratórias. Foi às urgências do hospital de Cascais, onde está em isolamento. Ao jornal Observador, fonte da DGS avançou que "não há caso de Cascais", ou seja, que a informação não se confirma.
Dois hospitais vão receber portugueses regressados de Wuhan
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, convocou hoje ao fim da tarde uma conferência de imprensa para fazer um balanço do surto do novo coronavírus. Graça Freitas admitiu que o grupo de portugueses que vai regressar da China é "especial", por estar no "epicentro de uma nova doença".
A diretora-geral da Saúde indica que o Ministério disponibiliza instalações tranquilas e dignas para que possam estar em "isolamento profilático", desde que aceitem estas condições. O Hospital Pulido Valente, em Lisboa, e o Hospital Militar, no Porto, serão as unidades com instalações para estes portugueses que regressam da zona de Wuahn.
Veja em baixo o mapa interativo com todos os casos de coronavírus confirmados
Vírus continua a alastrar
A China elevou para 259 mortos e mais de 10 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 20 outros países – Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas e Índia.
A OMS declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.
Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial. Esta é a sexta vez que a OMS declara uma emergência de saúde pública de âmbito internacional. Para a declarar, a OMS considerou três critérios: uma situação extraordinária, o risco de rápida expansão para outros países e a exigência de uma resposta internacional coordenada.
Artigo atualizado às 09h30 com novas informações sobre a identidade do suspeito de ter contraído o vírus.
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