Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pediu subornos de 1 dólar por dose de um representante da empresa Davati Medical Supply, que tentava negociar a venda de 400 milhões de vacinas AstraZeneca ao governo.

O representante da Davati no Brasil, o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, garantiu que o acordo, proposto em fevereiro, foi rejeitado pela empresa.

Logo após a publicação dessas denúncias, o Ministério da Saúde informou que o diretor de Logística supostamente implicado na tentativa de suborno será destituído do esta quarta-feira.

O laboratório anglo-sueco AstraZeneca, por sua vez, negou, em comunicado citado pelo portal G1, a utilização de intermediários para negociar com governos.

O caso revelado pela Folha soma-se a outras denúncias de irregularidades investigadas por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado para apurar o fracasso da resposta do governo à pandemia, que já deixou mais de meio milhão de mortos no Brasil.

É uma "Denúncia forte. Vamos convocar o senhor Luiz Paulo Dominguetti Pereira para depor na #CPIdaPandemia na próxima sexta-feira", escreveu no Twitter o senador Omar Aziz, presidente da CPI.

Outro funcionário do Ministério da Saúde disse na semana passada que detetou em março possíveis irregularidades no contrato para adquirir a vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech, a preços altíssimos, e que a preocupação foi repassada diretamente a Bolsonaro pessoalmente. Acrescentou que Bolsonaro lhe garantiu que comunicaria essas suspeitas à Polícia Federal, algo que aparentemente nunca fez.

Essa aparente omissão levou três senadores a abrirem um processo no Supremo Tribunal Federal na segunda-feira para que Bolsonaro fosse investigado por um possível crime de "prevaricação".

O Ministério da Saúde anunciou na terça-feira que, por enquanto, não detetou irregularidades no contrato de vacina da Índia, para o qual até ao momento não houve entregas ou pagamentos. O órgão, porém, decidiu suspender o contrato enquanto investiga as suspeitas.