"Temos situações em que não fácil fazer o distanciamento social", refere, apontando o caso dos transportes coletivos em Moçambique, que são poucos para tanta procura, resultando em veículos quase sempre sobrelotados.
"É difícil dizer às pessoas que não usem transportes quando moram a quilómetros de onde trabalham. E não é possível dizer que têm de ir só um terço [da lotação] porque não há muitos" utentes para entrar, diz em entrevista à Lusa.
Ou seja, tentar impor distanciamento social nos transportes, como o Governo tentou fazer numa primeira fase, "é de difícil implementação", reconhece, pelo que se optou na última semana por afrouxar as restrições à lotação, mas tornar o uso de máscara obrigatório, para tapar a boca e o nariz nas viaturas coletivas.
"O Governo viu as dificuldades e tomou essas medidas para facilitar a implementação" de medidas de prevenção, mostrando que as máscaras "podem ter utilidade como medida complementar a todas as outras já tomadas".
No entanto, Djamila Cabral entende que máscaras de pano, por exemeplo, de fabrico próprio, podem ser a solução para a massificação, porque "a utilização indiscriminada de máscaras que devem ser usadas em hospitais, por quem está doente ou por quem trata doentes, levanta problemas".
"Essas máscaras", com características técnicas mais avançadas, " já são raras, há rutura de 'stock' a nível mundial e não é possível conseguir as máscaras necessárias para serem utilizadas por quem precisa".
"Temos de tomar cuidado para não generalizar a utilização de máscaras hospitalares", sublinhou.
Djamila Cabral salienta ainda que as máscaras devem ser lavadas sempre que possível e deve-se evitar circulá-las dentro de casa, oriundas do exterior.
"A máscara não substitui outras medidas, é mais uma, adicional", a acrescentar à lista: lavar as mãos, distanciamento social e fazer a etiqueta da tosse - a máscara "não deve dar o sentimento de que não se podem fazer as outras coisas".
Os últimos registos oficiais sobre o novo coronavírus em Moçambique indicam um total de 28 casos, sem vítimas mortais, e o país vive em estado de emergência durante todo o mês de abril, com espaços de diversão e lazer encerrados, proibição de todo o tipo de eventos e de aglomerações.
Durante o mesmo período, as escolas estão encerradas e a emissão de vistos para entrar no país está suspensa.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 413.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O número total de infetados na China desde o início da pandemia é de 82.249, dos quais 3.341 morreram e, até ao momento, 77.738 pessoas tiveram alta.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África ultrapassou hoje as 800 com mais de 15 mil casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.
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