Em declarações à Lusa, no final de uma rápida visita a um dos centros de vacinação contra a covid-19 em Lisboa, Hans P. Klüge, diretor regional para a Europa da OMS, recordou que, no ano passado, não houve “tanta gripe, por causa das medidas de saúde pública” em vigor, como o distanciamento social, a utilização de máscaras e a frequente lavagem e desinfeção das mãos.

“Mas isso também significa que há menos imunidade contra a gripe este ano. Portanto, é muito importante que as pessoas tomem a vacina [contra a gripe]”, alertou.

Frisando que “não há nenhum problema” em tomar ambas as vacinas (contra a covid-19 e contra a gripe), o responsável partilhou: “Eu próprio vou tomar a vacina da gripe na próxima semana e já tenho as duas doses da vacina contra a covid-19.”

De visita oficial a Portugal, o médico acrescentou ainda que o problema não é só o inverno estar à porta, mas haver já “mais mobilidade e menos adesão às máscaras”, na sequência do alívio das medidas de saúde pública em vários países europeus.

“Parte do problema, globalmente, é que os países declararam rapidamente o fim da pandemia, quando, na realidade, era apenas mais um pico a acabar”, observou Klüge. “É melhor termos algum cuidado, embora perceba que as pessoas estejam cansadas da pandemia”, realçou.

Durante a visita oficial de dois dias – que hoje termina, com um encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa –, Hans P. Klüge não se cansou de elogiar o desempenho de Portugal e até exultou com “detalhes” como o táxi gratuito para quem se vai vacinar.

Luís Pisco, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que acompanhou a visita, confessou que “soube bem” ouvir os elogios, “merecidos por muita gente”, e que “as boas práticas são para ser expandidas e divulgadas”.

Realçando que “o trabalho conjunto e multissetorial não é fácil de fazer em qualquer país”, Pisco referiu que o processo está em “melhoria contínua”, sujeito a monitorização.

“Quando vejo esta formidável experiência em Portugal, (...) dá-me muita esperança”, reconheceu o responsável da OMS, ainda que sabendo que “isso não aconteceu de um momento para o outro” e decorre de “muitas décadas de robustos cuidados de saúde primários e serviços públicos”.

Klüge adiantou que vai “trabalhar com as autoridades portuguesas para documentar esta história de sucesso”, para que outros países possam aprender com ela. Isso mesmo havia sugerido já ao subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, e aos outros representantes que o acompanharam na visita.