Ricardo Correia de Matos, presidente do Conselho Directivo Regional da SRCentro, e Pedro Lopes, presidente do Conselho de Enfermagem Regional, depararam-se com "um cenário catastrófico, em que os enfermeiros não conseguem garantir a segurança, vigilância e a qualidade mínima que é exigida aos cuidados prestados à população", lê-se em comunicado.

"Já foram abertos todos os espaços disponíveis, incluindo a sala de acompanhamento. Atingiu-se o limite ao nível da estrutura física: vêem-se doentes admitidos sem estarem garantidas as distâncias de segurança, enquanto outros esperam por uma vaga dentro das ambulâncias", garantiu Ricardo Correia de Matos.

Durante a visita ficou claro que é "completamente impossível separar doentes positivos para a Covid-19 dos doentes suspeitos que aguardam o resultado do teste. Esta situação é absolutamente inadmissível porque promove a criação de cadeias de transmissão", explicou o Presidente da SRCentro.

Para agravar este caos, não existem assistentes operacionais que garantam uma eficaz higienização dos espaços comuns, nem motoristas suficientes para procederam ao transporte inter-hospitalar, à remoção de cadáveres ou ao transporte de medicamentos, relata a nota.

Além disso, segundo os testemunhos relatados pela equipa de enfermagem das urgências do Hospital dos Covões à SRCentro, a partilha de informação com familiares não está assegurada, motivo pelo qual alguns profissionais de saúde terão já recebido ameaças de agressão.

"Sabemos que há enfermeiros com apenas duas folgas no mês de Janeiro. À data, a equipa de enfermagem totaliza cerca de 3500 horas extraordinárias, o que corresponde a um défice de mais de 28 enfermeiros. A situação é insustentável", sublinhou o responsável da SRCentro.

No Hospital dos Covões a necessidade mais urgente é o investimento em "recursos humanos (enfermeiros, técnicos de limpeza e motoristas), equipamentos e material, especificamente, oxigénio".

O reforço das equipas de enfermagem, que sempre estiveram deficitárias, não só neste serviço, mas em todas as unidades hospitalares do país, não foi acautelado pelas instituições políticas, mantendo o país no segundo lugar com o pior rácio enfermeiro/utente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Daí que Ricardo Correia de Matos não compreenda como, "em plena pandemia, entre os meses de julho e dezembro 2020, o governo deixou emigrar mais de 1000 enfermeiros, negando aplicar medidas similares aos parceiros europeus, quando alteraram os padrões remuneratórios e procederam à contratação de todos os profissionais disponíveis, inclusive, enfermeiros portugueses”.