“A situação epidemiológica no Algarve, aliás, como a nível nacional, é preocupante. Por um lado, porque os números são elevados e, por outro, porque a estimativa é ainda de algum crescimento, o que faz pressão sobre os serviços de saúde”, declarou a delegada de Saúde do Algarve em conferência de imprensa.
Na conferência promovida pela Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro, em Loulé, Ana Cristina Guerreiro apontou ainda, como preocupações, as temperaturas baixas, que “jogam a favor do vírus”, e a atividade social anterior ao Natal , com muitos contactos em espaços fechados, que também “favorecem a possibilidade de contágio”.
Segundo aquela responsável, que citou dados do passado sábado, o Algarve registava 3.339 casos ativos de covid-19 e estavam internadas nos hospitais 88 pessoas, 20 delas nos cuidados intensivos e, destas, 14 ventiladas.
Quantos aos surtos ativos, o Algarve contabiliza atualmente 35, dos quais 20 em escolas da região e dois em lares de idosos, um destes de “alguma dimensão”, mas, entretanto, “já estabilizado”, sublinhou.
Segundo Ana Cristina Guerreiro, estão atualmente, no Algarve, 171 alunos infetados pelo novo coronavírus e 2.487 em isolamento profilático, 20 funcionários infetados e 345 em isolamento e um total de 111 turmas em isolamento.
A delegada de Saúde do Algarve sustentou que as crianças “são infetadas pela família”, porque “participam em festas de família, com duas ou três famílias que vêm de locais diferentes e, muitas vezes, são os pais, dentro de casa, que contagiam os filhos”.
Na região, acrescentou, a taxa de incidência de covid-19 tem sido “predominante” na faixa etária dos 30-39 anos, seguindo-se a de 40-49 anos, “com crianças em idade escolar”, enquanto os mais idosos “têm sido poupados”.
Quanto ao perfil dos doentes internados nos cuidados intensivos, a delegada de Saúde apontou que, nesta última vaga, “são mais novos do que na primeira vaga de inverno” e que “sensivelmente 50 por cento das pessoas não estão vacinadas”.
Por outro lado, sublinhou, registam-se também “alguns óbitos de pessoas mais novas, entre 40 e 60 anos, normalmente associadas a comorbilidades e algumas não vacinadas”.
O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, garantiu, porém, que a pressão na capacidade hospitalar está “muito longe daquilo que são os números da chamada terceira vaga”, entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021.
“A capacidade de resposta do Centro Hospitalar Universitário do Algarve tem uma margem grande para a absorção de doentes internados com covid-19. Em Faro, essa capacidade ainda não está no limite e pode ser aumentada, no Hospital do Barlavento [em Portimão] também, além das duas unidades contratualizadas com privados, em Faro e Lagos, que também não têm a sua capacidade no limite. Há ainda uma margem grande de crescimento para o número de doentes em enfermaria e cuidados intensivos”, assegurou.
Com uma taxa de vacinação que não existia no Algarve há um ano – 85% da população com vacinação completa –, as autoridades “não esperam” que os números de doentes internados possam atingir os do último inverno.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, sublinhou que a região, municípios e autoridades de proteção civil e saúde pública “têm de se preparar para os próximos seis meses”, face à renovação do processo de vacinação.
“Todos teremos de ser vacinados novamente, inclusivamente, como se espera, as crianças. Só a vacinação dá uma resistência coletiva e esperemos que não se tire o pé desta consciência coletiva”, disse o também presidente da Câmara de Olhão.
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