A estimativa parte dos resultados de testes serológicos feitos nos dois hospitais, em Lisboa e no Porto, da responsabilidade da Fundação Champalimaud, em associação com a Ordem dos Enfermeiros.
Os números hoje divulgados mostram que das pessoas testadas no Hospital de Santo António, no Porto, há 10 vezes mais infetados do que o número identificado anteriormente, e que no Hospital de Santa Maria o número de infetados é 11 vezes superior.
O rastreio serológico foi feito a 657 profissionais, 206 enfermeiros e 141 assistentes no Hospital de Santo António, e 184 enfermeiros e 126 assistentes no Hospital de Santa Maria.
Os resultados hoje divulgados pela Fundação Champalimaud e pela Ordem dos Enfermeiros mostram que no Porto 8,4% dos profissionais foram infetados, mas na maioria assintomáticos e sem nunca antes terem sido identificados com a COVID-19. Em Lisboa a percentagem foi de 6,5%.
“O resultado permite-nos fazer a extrapolação para toda a população de enfermeiros e assistentes operacionais dos referidos hospitais, concluindo então que o verdadeiro número destes profissionais infetados é muito superior ao identificado”, diz a Ordem dos Enfermeiros em comunicado, reforçando o que tem defendido, que é preciso, em relação aos profissionais em causa, “testar, testar, testar”.
“É inegável que tivemos enfermeiros e assistentes operacionais sem sintomas, mas infetados a prestar cuidados de saúde, pondo em causa a segurança dos cuidados, situação que poderia ser evitada com um reforço dos testes e, por outro lado, com equipamento de proteção individual adequado”, diz a Ordem, considerando urgente que os enfermeiros sejam testados periodicamente e não apenas quando têm sintomas evidentes.
No Hospital de Santo António, de um total de 359 enfermeiros e 258 assistentes operacionais expostos, foram testados 347 profissionais. Os testes mostraram que 8,3% dos enfermeiros e 8,5% dos assistentes tinham sido infetados.
No Hospital de Santa Maria, de uma população total exposta de 355 enfermeiros e 188 assistentes, foram feitos testes sorológicos a 310 profissionais. Concluiu-se com os testes que tinham sido infetados 7,6% dos enfermeiros e 4,7% dos assistentes.
Os testes sorológicos permitem detetar se as pessoas que foram infetadas de forma assintomática ou com sintomas ligeiros, e que nunca sequer perceberam que estiveram infetadas, têm anticorpos para o novo coronavírus, que provoca a doença COVID-19.
O novo coronavírus, que provoca a COVID-19, já provocou mais de 297 mil mortes e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas, segundo um balanço da AFP.
Em Portugal morreram 1.184 pessoas das 28.319 confirmadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
O país entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à COVID-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
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