“É importante que as pessoas percebam que o teste não custa nada, é uma picada simples e dá-nos informação em poucos minutos. É evidente que dá alguma informação a título individual, se eu tivesse testado positivo estaria bastante satisfeito (…) mas deu negativo e estarei como a generalidade dos portugueses”, afirmou António de Sousa Pereira.
Em declarações aos jornalistas, o reitor da Universidade do Porto (U. Porto) salientou que o objetivo destes testes serológicos é “caracterizar” a comunidade académica e, ao longo do tempo, ir “repetindo a fotografia” por forma a saber como e se evoluiu a imunidade ao novo coronavírus, que provoca a doença covid-19.
“Este trabalho, na medida em que vai envolver um grupo muito diversificado de pessoas, com idades diversas e graus de exposição ao público diversos, vai-nos permitir ter um conhecimento muito mais profundo da maneira enquanto coletivo reagimos ao contacto com o vírus”, frisou António de Sousa Pereira, acrescentando que os resultados podem vir a “ajudar a tomar medidas com muito mais segurança”.
Nesta primeira fase, a U. Porto vai testar gratuitamente mais de quatro mil funcionários docentes e não docentes, que se voluntariaram para participar neste estudo, sendo que numa fase posterior, o rastreio será disponibilizado aos mais de 30 mil estudantes.
O rastreio, que é coordenado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), permite, com base na análise de uma gota de sangue recolhida através de uma picada no dedo, detetar a presença de anticorpos das classes 'IgG' e 'IgM' para o vírus SARS-CoV-2.
Após a picada e a análise do sangue, cujo resultado é conhecido após 10 minutos, a equipa que coordena o rastreio realiza um inquérito epidemiológico por forma a recolher dados sobre os sintomas e contactos com eventuais casos de infeção confirmados.
Caso o teste indique a presença de anticorpos da classe IgM (que indica infeção recente), os membros da comunidade académica podem realizar no próprio local o teste de diagnóstico à covid-19.
A perspetiva da U. Porto é concluir o rastreio aos funcionários docentes e não docentes até ao final do ano letivo, garantiu o reitor, acrescentando que o rastreio aos estudantes deverá também ficar concluído no final deste ano.
Também em declarações aos jornalistas, Henrique Barros, presidente do ISPUP, salientou a importância destes testes, que além de retratarem a eventual imunidade da comunidade académica, permitirão recolher “mais informações”, nomeadamente, sobre os sintomas, riscos e como a infeção decorre.
“É especialmente importante que seja uma instituição como a universidade que assume estas duas atividades. Por um lado, permitir às pessoas que aqui trabalham saber como é que viveram, passaram este período e fase mais aguda da infeção e, por outro lado, com a informação que recolhemos, as pessoas dão-nos informações sobre os seus sintomas e isso vai permitir-nos saber coisas sobre o risco e a forma como a infeção decorre em cada um de nós”, referiu.
Henrique Barros salientou ainda que desta forma, a comunidade académica está a “ajudar que se faça ciência”.
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