Investigadores da Fundação para a Promoção da Saúde e Pesquisa Biomédica da Comunidade Valenciana (Fisabio) e do Instituto de Pesquisas sobre a Saúde La Fe (IIS La Fe) encontraram Bisfenol A, F e S no leite de mulheres que amamentavam.
A presença destes produtos no organismo humano é altamente prejudicial para o desenvolvimento físico e mental, principalmente para fetos, bebés e crianças pequenas, lê-se na introdução da investigação científica.
O estudo, que se baseou numa amostra de 120 mães, foi publicado na prestigiada revista científica Science of the Total Environment.
Segundo o jornal El Mundo, a descoberta feita pelos investigadores espanhóis é acompanhada por recomendações simples: "Fazer uma utilização muito intensiva de cremes (várias vezes ao dia durante a semana) aumenta o risco de contaminação do leite materno por bisfenol A". Trata-se de um alerta que, segundo os cientistas, não tem de ser alarmante porque o uso não intensivo - mesmo diariamente, mas não várias vezes ao dia - "não está associado a níveis mais altos dessa substância", esclarecem os autores da investigação.
A mensagem de saúde é clara: o leite materno "é nutricionalmente muito positivo para os bebés e os resultados do estudo atual indicam que ele também é recomendado do ponto de vista da segurança alimentar", garante um dos co-autores e diretor do estudo.
Como reduzir a contaminação?
Para o autor do estudo e cientista do IIS La Fe Máximo Vento, à luz dos resultados, "uma forma de minimizar a exposição ao bisfenol A seria restringir a aplicação de cremes e produtos para cuidados pessoais".
A análise às amostras de leite materno - através cromatografia líquida seguida de espectrometria de massa - também explorou variáveis sociodemográficas e de estilo de vida e concluiu que as mesmas estão associadas à variação nas quantidades de bisfenol A. Ou seja, os dados mostraram que o leite de mulheres que vivem em áreas rurais tem níveis mais baixos dessas substâncias tóxicas do que aquelas que vivem em áreas urbanas, por exemplo.
A primeira descoberta significativa do estudo foi que o bisfenol A foi detetado em 83% das amostras de leite. No entanto, "considerando os níveis detetados, a exposição diária ao bisfenol A que ocorre em bebés é, em média, 100 vezes menor do que o limite preconizado pela OMS", explica Vicent Yusà, investigador da Fisabio.
Em relação ao Bisfenol F e ao Bisfenol S, possíveis substitutos do Bisfenol A nos processos de fabricação de plásticos, a análise revela que são detetados, respetivamente, em 20% e 1% das amostras.
Os resultados foram obtidos comparando a média geométrica dos valores de exposição com o limite de segurança mais estrito estabelecido pela OMS (que é de quatro microgramas de bisfenol A por dia e kg de peso do bebé).
Segundo citam os cientistas, apenas acima desse valor se pode considerar a hipótese dos mesmos acarretarem efeitos nocivos para a saúde humana.
Comentários