Awaab Ishak morreu em dezembro de 2020 "na sequência de um quadro respiratório grave devido à exposição prolongada a bolor no seu local de residência", concluiu a médica legista Joanne Kearsley, responsável por este inquérito para apurar as causas de morte do menino.

"Nenhuma medida foi tomada para tratar e prevenir o bolor. O seu estado respiratório levou a uma paragem respiratória" e depois a uma paragem cardíaca, explicou a médica que vai interpelar os ministros da Habitação e da Saúde.

"Como é que no Reino Unido, em 2020, uma criança de dois anos pode morrer exposta ao mofo na sua casa?", questionou ainda.

O pai da criança, Faisal Abdullah, tinha reclamado várias vezes sobre o estado da habitação, desde 2017, à associação que arrendou o apartamento, a Rochdale Boroughwide Housing (RBH).

A família foi aconselhada a repintar o apartamento sobre o bolor, de acordo com Joanne Kearley.

"Não conseguimos enumerar diante de quantos profissionais médicos choramos e a quantos funcionários da RBH imploramos, expressando preocupação com as condições em que nós e Awaab vivíamos", escreveu a família, comunicado.

Uma autoridade de saúde também contactou a RBH para levantar esta questão, em julho de 2020, quando Awaab sofria de uma constipação e de problemas respiratórios crónicos.

Joanne Kearsley concluiu que o bolor foi causado por "atividades normais da rotina diária" e falta de ventilação eficaz.

"Nenhuma ação foi tomada e, de julho de 2020 a dezembro de 2020, Awaab continuou a ter exposição crónica a fungos nocivos", salientou a médica legista.

A trágica morte de Awaab "será e deve ser um divisor de águas para a indústria imobiliária em termos de aumento do conhecimento, conscientização e aprofundamento da compreensão da questão da humidade e do mofo", concluiu Joanne Kearsley.

Já o responsável da RBH, Gareth Swarbrick, destacou que pretende garantir que esta situação "nunca aconteça novamente".