A questão foi levantada hoje na Comissão de Saúde pelo deputado do PSD Pedro Melo Lopes na qual afirmou que a decisão anunciada pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde de que a urgência pediátrica do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, fecharia aos fins de semana “veio a ser contrariada” pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro.
“Nós vimos ontem [terça-feira] o autarca da região indignadíssimo a dizer que o ministro diz uma coisa e o diretor executivo diz outra”, criticou Pedro Melo Lopes, considerando que “há um desnorte a reinar nos altos responsáveis da saúde em Portugal”.
Dirigindo-se aos deputados, Fernando Araújo disse que “não ouviram corretamente” o que o ministro da Saúde disse, nomeadamente que a urgência pediátrica fechou à noite e aos fins de semana por falta profissionais e não por programação.
“Isto é, neste momento, o sistema está de tal maneira frágil que tem tempos diferentes daqueles que nós queremos”, explicou Fernando Araújo, recordando que a reorganização das urgências nas regiões metropolitanas do Norte, “que tanto falam”, demoraram nalguns casos dois a três anos a serem feitas e estão agora a ser feitas “em poucos meses, até poucas semanas, porque o tempo é curto”.
Portanto, sustentou, “o que o senhor ministro disse é verdade. Ela [a reorganização da urgência pediátrica] aconteceu não por uma programação, mas por falta de recursos”.
“a segunda parte que o senhor ministro disse também é verdade. O que ele pretende, naturalmente, é que nós consigamos, nessa urgência, abrir ao fim de semana e de dia, todos nós pretendemos isso. Neste momento não é possível, não temos recursos suficientes e, portanto, o plano indicou como não estando aberta”, salientou.
Fernando Araújo reforçou que vão trabalhar para abrir permanentemente esta urgência pediátrica, nomeadamente quando houver um aumento da procura: “Nessa altura queremos que estas urgências estejam abertas”, declarou, ressalvando que vão trabalhar também para abrir a urgência de Setúbal aos fins de semana durante o dia.
“O nosso objetivo é trabalhar para esse fim”, reiterou, sustentando que o plano de reorganização das urgências pediátricas de Lisboa e Vale do Tejo “é dinâmico”.
Portanto, vincou, “a desautorização não existe. Existe uma comunhão de políticas para trabalharmos para o mesmo objetivo que é prestar melhores cuidados de toda a população e isso faz-se através de reformas”, realçou Fernando Araújo.
O responsável disse ainda não ser possível ter “portas abertas em todo o lado”. “Não é [possível] nem é desejável”, comentou, assinalando que isso não acontece em nenhum país do mundo.
“Vão ver nos países mais ricos e nas capitais dos países mais ricos quantas portas existem do ponto de vista do serviço de urgência abertas à noite de algumas especialidades e se calhar vão ficar surpresos com a realidade”, disse aos deputados na Comissão de Saúde, onde está a ser ouvido, a pedido do PCP e do Chega, sobre a falta de profissionais, o programa do Governo para assegurar a dotação de serviços, a valorização de profissionais e sobre o funcionamento da própria Direção Executiva do SNS.
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