A mesma garantia foi dada também pelo Ministério do Ambiente, em comunicado. Segundo um estudo divulgado ontem, mais de 6.500 casos anuais de cancro na bexiga, cerca de 5% de todos os casos na Europa, incluindo em Portugal, podem ser atribuídos à exposição a químicos (trihalometanos) na água potável.
De acordo com os resultados do estudo Portugal está entre os países em que a concentração de trihalometanos (THM) compostos tem picos que ultrapassam o máximo de 100 microgramas por litro permitidos na União Europeia (UE) e que estão também estipulados na legislação nacional.
Os dados compilados pelo estudo indicam, no entanto, que a concentração anual média de THM na água da torneira em Portugal é de 23,8 microgramas por litro, menos do que em Espanha, Inglaterra, Grécia e Irlanda, mas mais do que nos restantes países do centro e norte da Europa.
Ouvido pela Lusa o presidente da ERSAR garantiu que é residual a percentagem do composto nas estações de tratamento de água, que é resultante do processo de desinfeção, e acrescentou que os valores mais elevados foram detetados no sul do país, nomeadamente no Alentejo.
Em 2018, “das quase 4.000 análises a esse composto, detetámos incumprimentos em 22 casos, e grande parte próximo dos valores de referência”, disse Orlando Borges, explicando que os valores estão disponíveis na página da entidade.
Os dados de 2019 ainda não estão disponíveis, mas vão no mesmo sentido, disse.
O Ministério do Ambiente, em resposta ao estudo, lembrou também, em comunicado, que há relatórios anuais sobre a matéria e que o último, de 2018, “indica que Portugal mantém o nível de excelência, com o indicador de água segura na ordem dos 99%”.
O Ministério também garante à população que pode beber água da torneira “com confiança”.
“No último relatório publicado, as análises realizadas à água para consumo humano asseguram que a taxa de cumprimento relativamente ao trihalometano é de 99,4%. Os incumprimentos, muito marginais, são comunicados à autoridade da saúde, num prazo de um dia útil”, diz o comunicado do Ministério.
Orlando Borges justificou o facto de as irregularidades detetadas serem mais a sul do país devido a questões climáticas, por a água ser menos abundante e ter mais matéria orgânica, mas destacou a “boa performance” do país nesta matéria.
“É 99% seguro” beber água e os valores de THM são residuais, garantiu o presidente da ERSAR, acrescentando que terminar de vez com a questão passa por alterar as formas de desinfeção da água.
Orlando Borges disse ainda que é conhecida a ligação do cancro com o composto, em níveis altos e não no detetado nas análises à água, e acrescentou que as exigências para com as entidades gestoras “são muito altas”.
“Beber água da torneira é completamente seguro”, incomparavelmente mais do que se a água não fosse tratada, disse o responsável.
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