"Pode afastarse, por favor? Tenho que limpar", afirma a máquina, com uma voz aguda em alemão, a todos os que lhe aparecem pelo caminho programado com antecedência.

E, para os que não atendem o pedido, Franzi insiste com uma voz ainda mais determinada: "Tem que sair, quero limpar". E se isto não for suficiente, o robô liberta algumas lágrimas digitais dos seus olhos representados por dois LEDs que mudam de cor.

"Com a pandemia, as visitas estão proibidas. Franzi distrai os pacientes", afirma Constance Rettler, da empresa Dr. Rettler, responsável pela limpeza da clínica Neuperlach e que forneceu o robô.

Três vezes por dia, Franzi percorre a entrada do hospital para fazer a limpeza. Os pacientes, encantados, tiram diversas fotos. Outros "conversam" com o aparelho de menos de um metro de altura. "Ah, aqui está meu amigo", afirma uma idosa ao observar o robô.

"Recentemente, uma das nossas pacientes descia três vezes ao dia para falar com ele", recorda Tanja Zacherl, diretora de limpeza da clínica.

Criada numa empresa de Singapura, Franzi chamava-se Ella e falava inglês antes de chegar a Munique no início do ano. Mas o seu alemão é perfeito quando conta aos interlocutores que "não deseja crescer" e que a limpeza é a sua paixão.

Quando solicitada, pode cantar um rap, ou alguns clássicos alemães.

Aos que temem que Franzi roube o emprego de várias pessoas, a Dr. Rettler afirma que este não é o objetivo.

O robô será destinado a "apoiar" os colegas humanos, sobretudo num período de pandemia do coronavírus.

"Com a pandemia, temos que fazer muitos trabalhos de desinfeção nos hospitais", conta. "Os nossos funcionários podem concentrar-se nas partes elevadas, enquanto Franzi se encarrega do chão".

De facto, o robô tem limites: não consegue contornar os cantos e, se encontra um obstáculo, fica quieto e começa a chorar. Apenas um humano pode ajudá-lo.

Após um período de testes de várias semanas, o hospital adotou Franzi definitivamente. A empresa Dr. Rettler decidiu mantê-lo, apesar dos custos de 40.000 euros.