Em declarações à agência Lusa, Hélder Mota Filipe anunciou que está a preparar uma candidatura às eleições do próximo ano para a Ordem dos Farmacêuticos (OF), que será apresentada “em tempo oportuno”.
“Confirmo que estou a preparar uma candidatura a bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, a apresentar nas eleições no início do próximo ano e que será formalizada em tempo oportuno”, afirmou.
As linhas gerais desta candidatura têm que ver com um desejo de maior desenvolvimento e aproveitamento das competências dos farmacêuticos para melhorar os cuidados de saúde e bem-estar prestados aos cidadãos, não apenas na farmácia comunitária e na farmácia hospitalar, mas também, por exemplo, na área das análises clínicas.
À Lusa, Hélder Mota Filipe sublinhou a importância de que os farmacêuticos têm na indústria farmacêutica e nos aspetos regulamentares no desenvolvimento dos medicamentos: “Com as vacinas viu-se a importância de haver competência nestas áreas”.
Sobre a necessidade de uma maior intervenção dos farmacêuticos, Hélder Mota Filipe explicou: “Nós sabemos que há dois problemas crónicos no nosso Serviço Nacional de Saúde e no sistema de saúde, que é a afluência às urgências hospitalares, com aquilo que os técnicos chamam falsas urgências, e a pressão nos cuidados de saúde primários”.
“Se os farmacêuticos puderem ter um grau de intervenção superior podem servir, por um lado, para uma melhor referenciação dos doentes dentro do sistema, mas, principalmente, para a resolução de um conjunto de problemas que a competência do farmacêutico permite resolver e que vão evitar uma maior afluência às urgências e uma maior pressão nos cuidados de saúde primários”, insistiu o responsável.
O professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa aponta ainda as vantagens da capilaridade das farmácias comunitárias portuguesas, sublinhando que são “uma referência a nível internacional”.
Mota Filipe diz ainda que pretende igualmente “trazer os farmacêuticos para a ordem”, explicando: “Temos uma profissão muito jovem e muito preparada do ponto de vista científico, que tem mudado do ponto de vista social e demográfico as suas características. Somos cada vez mais uma profissão de trabalhadores por conta de outrem, embora com a liberdade técnica e científica no desempenho profissional”.
“E é preciso que a ordem responda às expectativas e às necessidades desta nova geração de farmacêuticos”, acrescentou.
A terceira linha desta candidatura tem que ver com “a afirmação da colaboração da Ordem dos Farmacêuticos no desenho de políticas de saúde”.
“Pretende-se um maior envolvimento da Ordem nos aspetos relacionados com as decisões de políticas de saúde e contribuir ativamente para a discussão e a melhoria das políticas de saúde em Portugal”, afirmou o responsável, sublinhando a necessidade também de dotar o SNS do número de profissionais adequado.
Hélder Mota Filipe é doutorado em Farmacologia e licenciado em Ciências Farmacêuticas e é professor associado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.
O especialista é ainda membro da Comissão de Ética para a Investigação Clínica, da Coordenação Nacional para a Estratégia do Medicamento e Produtos de Saúde e da Comissão de Avaliação de Medicamentos (INFARMED, I.P.).
É ainda presidente do Conselho Nacional para a Cooperação da Ordem dos Farmacêuticos, perito da Agência Europeia do Medicamento (EMA) e foi vice-presidente (2005-2015) e presidente do Infarmed (2015-2016).
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