Também presidente não-executivo do HCVP, Francisco George é há mais de um mês contestado pelos trabalhadores, que em duas cartas puseram em causa a sua liderança que acusam de estar “a pôr em risco a sobrevivência clínica e económica do hospital”.
A polémica já levou mesmo a Ordem dos Médicos a afirmar-se preocupada com as dificuldades financeiras e a instabilidade do corpo clínico, denunciadas na carta dos trabalhadores. E pede para que “seja possível reencontrar um caminho que possibilite que o HCVP se mantenha como uma instituição de referência”.
Em abril, por duas vezes, mais de uma centena de profissionais do HCVP enviaram uma “carta denúncia” ao Governo, na qual manifestaram “enorme preocupação” com a forma como Francisco George “está a pôr em risco a sobrevivência clínica e económica” do hospital.
Na primeira carta, divulgada a 07 de abril, assinada por médicos, enfermeiros, técnicos, administrativos e auxiliares de ação médica e colaboradores, os trabalhadores dizem que o HCVP entrou “num processo de ruína económica e financeira” desde a entrada de Francisco George, em 2018.
E dizem também que foi decidido manter o HCVP como livre de covid-19, ou seja, que não trataria doentes infetados com o novo coronavírus, uma decisão que Francisco George alterou em 48 horas, dizendo aos trabalhadores que era decisão do Ministério da Saúde, o que “não corresponde à verdade”. Dois dias depois desta carta o Governo anunciou que o HCVP não ia integrar a “rede covid”.
No dia da divulgação das denúncias, Francisco George disse à Lusa estranhar a carta e explicou que está no HCVP “de manhã à noite” e que ninguém lhe disse nada, afirmando-se disponível para falar com os trabalhadores, ainda que à data não tivesse recebido qualquer pedido.
Na segunda carta, em 29 de abril, os trabalhadores dizem também que “o relacionamento entre o corpo clínico e administrativo do hospital e o Dr. Francisco George atingiu um ponto de rotura total”.
Questionado sobre esta polémica o ministro da Defesa Nacional (a tutela do HCVP é da Defesa) disse na semana passada que deve ser o conselho supremo da Cruz Vermelha Portuguesa a averiguar a “boa ou má gestão” de Francisco George, porque à tutela apenas compete “verificar a legalidade dos atos”.
O HCVP foi inaugurado em 1 de fevereiro de 1965, resultando do Hospital de Santo António da Convalescença ou Casa de Saúde de Benfica, mandada construir pela Cruz Vermelha Portuguesa para dar resposta na avaliação, diagnóstico e tratamento dos doentes com graves ferimentos sofridos na guerra colonial.
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