“Aquilo é quase uma medicina de guerra”, comentou à Lusa o comandante Alexandre Pinto, da corporação de Baião, referindo-se aos constrangimentos observados, quando, às 12:30, se encontravam “mais de 50 doentes” na urgência do Hospital Padre Américo.
Só a triagem, anotou, demora cerca de 30 minutos e as ambulâncias ficam retidas várias horas.
“Estavam lá 25 ambulâncias”, referiu, explicando que o serviço não tem capacidade para atender tantas ocorrências, a maioria do foro respiratório.
A urgência do Hospital Padre Américo é a única com capacidade médico-cirúrgica do centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), que inclui também o Hospital de São Gonçalo, em Amarante, onde funciona uma urgência básica.
Também os bombeiros de Castelo de Paiva têm enfrentado dificuldades nos últimos dias, quando transportam doentes para Penafiel, o hospital de referência.
À Lusa, o comandante Joaquim Rodrigues indicou ter conhecimento do caso de uma ambulância que ficou retida 12 horas, porque as macas estavam a ser utilizadas pelo hospital.
Na manhã de ontem, contou, chegou a ter três ambulâncias no hospital, mas também de um caso encaminhado para Arouca pelo CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes), por falta de capacidade de Penafiel.
Os comandantes de Felgueiras e de Amarante, ouvidos pela Lusa, confirmaram o cenário de grandes dificuldades no hospital de Penafiel.
Júlio Pereira, de Felgueiras, disse à Lusa que o tempo de espera de um doente com pulseira amarela é de 10 horas. Anotou ainda que, face à sobrecarga de serviço, há doentes adultos que estão a ser atendidos em pediatria.
Rui Ribeiro, de Amarante, afirmou ter conhecimento das dificuldades no Padre Américo, mas ressalvou que o hospital de São Gonçalo, em Amarante, que também integra o CHTS, tem conseguido dar resposta à maioria das situações, com um tempo de espera normal nesta altura do ano.
Quanto a Penafiel, para onde são encaminhados os doentes que carecem de cuidados mais especializados, o tempo de espera é acima do normal, admitiu.
Já o comandante dos bombeiros de Marco de Canaveses, Sérgio Silva, fala de uma situação muito complicada para a sua corporação provocada pela falta de capacidade do hospital.
Nas últimas horas, contou, teve uma ambulância retida no hospital de Penafiel das 06:30 às 11:00, porque o doente estava na maca da ambulância no interior da urgência.
“Isso não pode acontecer ficarmos sem a ambulância tanto tempo. Isso coloca-nos muitos problemas nos meios disponíveis para prestarmos socorro à população”, sinalizou.
As dificuldades em Penafiel, acrescentou, têm obrigado também a um maior número de transportes de casos urgentes para os hospitais do Porto, o que retém ambulâncias entre cinco a seis horas.
A Lusa contactou a direção do CHTS para obter uma reação ao cenário relatado pelas corporações de bombeiros, mas não obteve resposta até ao momento.
O CHTS integra desde o início do ano a nova Unidade Local de Saúde (ULS) do Tâmega e Sousa, que passa a ter como diretor clínico o médico intensivista do hospital de São João Nelson Pereira.
A ULS Tâmega e Sousa assumiu a gestão dos hospitais públicos e dos centros de saúde daquele território, formado por 12 municípios.
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