O consumo de analgésicos feitos com ópio mais do que duplicou em Portugal em oito anos. A notícia é avançada esta quarta-feira pela TSF que cita fonte do Infarmed.
No último ano consumiram-se através do Serviço Nacional de Saúde (SNS) 3.685 milhões de embalagens, um aumento de 141% em comparação com os 1.532 milhões de embalagens de 2010, segundo dados do Infarmed.
À TSF, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) admite que têm existido subidas no consumo daqueles opioides, sem exceções, todos os anos.
Em 2018 voltou a registar-se um aumento de 7,4% face ao ano anterior, ou seja, mais 255 mil embalagens, escreve a referida rádio.
A entidade está a trabalhar com a Direção-geral de Saúde para perceber as causas deste aumento nos consumos de analgésicos feitos com ópio, numa altura em que se sabe que há mais pessoas seguidas no SNS que recaíram no consumo de drogas e álcool.
Conforme lembra a "TSF", no início de 2017, o Infarmed já havia alertado para um enorme aumento do consumo de opiáceos, com o presidente à época, Henrique Luz Rodrigues, a dizer que se tratava de algo "preocupante".
Os medicamentos opióides são utilizados sobretudo por médicos que tratam doentes com cancro ou doenças degenerativas em que os analgésicos comuns não aliviam a dor. Em 2017, Ana Bernardo, vice-presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, dizia acreditar, em declarações ao jornal i, que a situação portuguesa estará longe de qualquer epidemia. "Tínhamos um atraso na utilização destes medicamentos no controlo da dor e havia registo de doentes que andavam 30 anos com dores antes de iniciarem tratamentos", disse.
Mortes por consumo de opioides travam esperança de vida americana
Nos Estados Unidos, um tribunal condenou este ano a farmacêutica Johnson & Johnson a pagar 515 milhões de euros ao estado de Oklahoma pela responsabilidade na crise dos opiáceos, que provocou milhares de mortes, nomeadamente por overdose, entre 1999 e 2017.
Vários médicos e entidades têm sido obrigadas a prestar contas na Justiça norte-americana devido à epidemia de opioides.
Esta é uma das principais causas da primeira queda durante dois anos consecutivos na esperança médica de vida do país, que aumentava nos Estados Unidos desde o início dos anos 1960.
Em 2016, 63.600 pessoas morreram em território norte-americano devido a overdoses provocadas pelo consumo de drogas, uma média de 174 americanos por dia, de acordo com os Centros para Controlo e Prevenção de Doenças. A maioria das mortes estava relacionada com o consumo de opioides.
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