Pode estar finalmente desfeito o mistério. Um grupo de investigadores americanos conseguiu identificar o mecanismo que leva as pessoas que seguem dietas ricas em gordura a querer comer (ainda) mais. De acordo com um novo estudo, divulgado pela publicação especializada The Journal of Clinical Investigation, os cientistas do Baylor College of Medicine, em Houston, nos Estados Unidos da América, a explicação pode estar no intestino.
Os especialistas descobriram que o processo fisiológico que leva o organismo de muitos obesos a ignorar as mensagens que o cérebro envia a avisar que já comeram mais do que o suficiente é determinado por uma falha na comunicação entre os dois órgãos, até agora desconhecida. "Descobrimos uma nova peça do enigma complexo [que explica] como o corpo gere o equilíbrio energético e interfere com o peso", regozija-se Makoto Fukuda.
De acordo com o professor assistente de pediatria do Baylor College of Medicine e do Centro de Investigação em Nutrição Infantil do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, um dos autores do estudo, desenvolvido com ratos de laboratório por uma equipa multidisciplinar, os roedores que consumiam mais gordura registavam maiores níveis de polipeptídeo inibidor gástrico, uma hormona que é segregada no intestino e que interfere diretamente com a gestão do equilíbrio energético do corpo. Ao circular pela corrente sanguínea, inibe a ação da leptina, a hormona que determina a saciedade.
"Não sabíamos como é que uma dieta rica em gordura ou em quantidade excessivas leva à resistência da leptina", assumiu já publicamente Makoto Fukuda. "Os meus colegas e eu começámos a procurar o que causava essa resistência no cérebro quando comemos alimentos gordurosos. Após vários anos de esforços, descobrimos uma ligação entre a hormona intestinal e a leptina", acrescenta ainda o investigador de ascendência asiática.
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