“Historicamente usadas como fertilizantes, agora, com o conhecimento que temos, podemos desenvolver soluções biotecnológicas para a utilização dos compostos que [as algas] produzem na resolução de problemas críticos da agricultura, como algumas bactérias e fungos que causam graves perdas económicas”, afirmou à agência Lusa Marco Lemos, o responsável científico do projeto.
O docente do Politécnico de Leiria e investigador do respetivo Centro de Ciência do Mar e do Ambiente (MARE), em Peniche, explicou que, sendo uma solução mais sustentável e natural, os investigadores estão também a contribuir para “a melhor qualidade dos frutos nos seus processos de conservação, promovendo produtos ainda mais seguros e de qualidade acrescida para o consumidor”.
No último ano, os investigadores selecionaram quatro algas marinhas encontradas entre Peniche e Viana do Castelo, cujos compostos extraídos mostraram capacidade para eliminar fungos responsáveis por doenças na fruta como a sarna, a moniliose ou a estenfiliose.
Depois de ensaios realizados em plantas dentro de estufas, os especialistas preparam-se para estes novos fungicidas naturais em pereiras e macieiras.
A extração destas algas no mar contribui também para um melhor ambiente marinho, uma vez que, por um lado, são espécies invasoras, afetando a biodiversidade e as comunidades locais, e, por outro lado, desagradam os banhistas nas praias.
O projeto “Orchestra” visa valorizar a fileira hortofrutícola, que representa 14% do valor da produção agrícola da União Europeia, promovendo a substituição dos atuais pesticidas, que são apontados como fatores de risco para o meio ambiente e para a saúde pública, além de reduzir a qualidade nutricional das frutas.
O projeto é financiado em um milhão de euros pelo programa comunitário Compete 2020 e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
O consórcio internacional é constituído pela empresa hortofrutícola Campotec, pelos politécnicos de Leiria e do Cávado e Ave, pela Universidade Tecnológica de Shannon (Irlanda) pela Universidade de Vorarlberg (Áustria).
Maçãs e peras cultivadas em Portugal estão entre as frutas com maior quantidade de pesticidas perigosos, indicou uma análise à fruta fresca europeia relativamente a 2019, da responsabilidade da rede de organizações não governamentais “PAN Europa”.
Segundo o estudo divulgado na semana passada, as maçãs e peras portuguesas estão no segundo lugar do ‘ranking’ da maior proporção de frutas contaminadas em 2019. Em 85% das peras portuguesas testadas e em 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos.
A nível da União Europeia, segundo o estudo, as taxas de contaminação tanto para maçãs como para peras mais do que duplicaram entre 2011 e 2019.
Os autores da análise salientam que “tem havido um aumento dramático de fruta vendida ao público com resíduos dos pesticidas mais tóxicos que deveriam ter sido banidos na Europa por razões de saúde”.
Foram analisadas 97.170 amostras de variedades populares de fruta fresca cultivada na Europa, demonstrando um aumento de 53%, em nove anos, da frequência de amostras contaminadas com os piores tipos de pesticidas.
O estudo, segundo um comunicado da organização, contradiz alegações da Comissão Europeia de que os agricultores estão a utilizar menos pesticidas que estão relacionados com cancro e outras doenças graves.
Quase uma em cada três (29%) amostras de fruta foi contaminada em 2019, o último ano relativamente ao qual havia dados disponíveis para os investigadores na altura do estudo.
Em relação a 2019, metade de todas as amostras de cerejas tinham sido contaminadas com pesticidas, um terço (34%) de todas as maçãs estavam também contaminadas, o mesmo acontecendo com cerca de metade das peras e metade dos pêssegos.
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