Se está a cumprir o isolamento social proposto pela Direção-geral da Saúde (DGS), já se pode considerar um agente de Saúde Pública. Se tem vontade de fazer mais, pode tornar-se um soldado na luta contra os efeitos do coronavírus SARS-CoV-2: é o que propõe o projeto COVID-19 Voluntariado.

"Mesmo estando em isolamento é possível ajudar. Há iniciativas que prevêem contactos diários com idosos que estão isolados. Ou seja, aparentemente não podendo fazer nada, porque se está em casa, é possível, através da palavra, dar apoio emocional a quem mais precisa", exemplifica Carla Ventura, vice-presidente da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), organização responsável pela iniciativa.

Como ajudar?

Se está disponível para participar em ações de voluntariado e de solidariedade, se pretende organizar ações de voluntariado, e se necessita de participação de voluntários, faça o registo na Plataforma Portugal Voluntário.

Para isso, aceda ao link www.portugalvoluntario.pt ou entre em contacto com a CASES através do e-mail voluntariado@cases.pt.

A plataforma COVID-19 Voluntariado está online há pouco menos de duas semanas e permite conhecer centenas de iniciativas locais e nacionais de Norte a Sul e ilhas. "Esta ideia surgiu quando nos apercebemos da quantidade de ações que se desenrolaram em todo o país", explica. "Percebemos que seria necessário agregar a informação toda que dispomos para facilitar o trabalho das pessoas que querem ajudar e também para orientar as pessoas que realmente estão a precisar de apoio", acrescenta.

"Toda a gente pode ajudar. Por muito pouco que seja, ou que se entenda como pouco, pode significar muito para alguns", admite.

Num momento em que o país e o mundo estão mergulhados na batalha contra a pandemia provocada pelo surto de COVID-19, Carla Ventura frisa que "é fulcral ser solidário, porque há mesmo muita gente a precisar de apoio nas mais diversas vertentes". "Este portal está a fazer o mapeamento das iniciativas nacionais e locais. Temos um mapa, dividido por distritos e regiões autónomas, e as pessoas podem perceber, clicando na sua área geográfica, como e quem é que podem ajudar", descreve a mentora do projeto.

"Em todas as iniciativas mapeadas, disponibilizamos os contactos, e os voluntários podem ver que atividades melhor se ajustam aos seus perfis e disponibilidade", refere ainda.

"Mas este mapa serve também para quem precisa de apoio, ou seja, as pessoas podem tomar conhecimento das iniciativas locais que podem dar resposta às suas necessidades", nota a responsável.

Carla Ventura, vice-presidente da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES)
Carla Ventura, vice-presidente da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES)

"Numa situação destas, percebemos que as iniciativas locais poderiam dar uma resposta mais imediata e não queríamos substituir qualquer iniciativa local, daí termos criado este site específico para todas ações", diz, garantindo que a informação estará em permanente atualização, de forma a acompanhar e a complementar todas as ações de voluntariado que estão a ser dinamizadas a nível nacional.

Centenas de voluntários

"Embora não controlemos o número de pessoas que pedem ajuda às iniciativas locais, sabemos que no Portugal Voluntário temos 1.700 pessoas e estamos a receber muitos e-mails espontâneos de gente disponível. O que estamos a fazer é guiar e pôr as pessoas em contacto: quem tem iniciativas, quem quer participar e quem precisa de respostas", resume.

A plataforma Portugal Voluntário, na qual o projeto COVID-19 Voluntariado se insere, já existe desde 2018 e é de âmbito nacional. Visa sistematizar a informação relativa à oferta e à procura, em todos os domínios do voluntariado, mediante a inscrição de organizações e pessoas, bem como a submissão de iniciativas.

"Brevemente será também lançada uma campanha para angariar voluntários para apoio em respostas sociais para idosos que é a necessidade mais premente no país, mas neste momento ainda estamos a trabalhar nesse projeto", revela Carla Ventura.

Portugal está em estado de emergência desde 18 de março e assim permanecerá, pelo menos, até 17 de abril.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infetou mais 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 60 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, atingindo já 190 países, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.