Em declarações à agência Lusa, o presidente da LBP avançou que a Liga está a fazer um levantamento das ambulâncias do INEM confiadas às associações humanitárias e corpos de bombeiros como Posto de Emergência Médica (PEM).

“Fizemos um levantamento nos corpos de bombeiros e o panorama é pouco simpático e mostra a forma como os bombeiros estão a ser apoiados na área da saúde. Há 20 ou 30 concelhos deste país que estão a ser apoiados no transporte de emergência por ambulâncias neste estado”, disse António Nunes.

Segundo a LBP, o levantamento permitiu apurar que existem nos bombeiros 31 ambulâncias do INEM com mais de 13 anos e milhares de quilómetros percorridos no socorro pré-hospitalar.

“Das 31 ambulâncias, 11 têm 13 anos, 14 têm 14 anos, duas têm 15 anos, duas têm 16 anos, uma com 18 anos e até uma com 21 anos. Uma das ambulâncias com 13 anos atingiu mais de um milhão de quilómetros, nove mais de 500 mil e 18 mais de 400 mil”, indicam os dados, a que a Lusa tece acesso.

A LBP sustenta que o levantamento que a Liga vai continuar a fazer permite “desde já concluir sobre a urgência de substituir, no imediato, as 31 ambulâncias com 13 anos e, de seguida, mais sete com 10 anos”.

António Nunes realçou que a maioria destes casos acontece nas corporações do interior do país, o que cria “uma certa descoesão social”.

“É evidente que a maioria destes casos são ambulâncias que estão nos concelhos mais desfavorecidos. São ambulâncias em que as alternativas são muito escassas, são corporações que apenas têm mais duas ou três ambulâncias e estas ambulâncias do INEM são aqueles que saem todos dias, por exemplo para os acidentes rodoviários”, afirmou.

O presidente da LBP considerou que “não faz qualquer sentido manter este parque automóvel” com estes anos e quilómetros, sublinhando que se trata de uma “falta de gestão” por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica porque estão manter veículos com elevados custos de manutenção.

“As ambulâncias com 250 mil ou 300 mil quilómetros devem ser substituídas. E se tiverem as condições razoáveis pode passar para o transporte de doentes não urgentes. Não podem ser a primeira linha de um concelho do anterior do país”, disse.

“Este levantamento vem reforçar a proposta que a LBP tem defendido, para rever o atual modelo de colaboração entre as associações e o INEM, não apenas com valores revistos e adequados aos custos reais do socorro pré-hospitalar, mas também um modelo consentâneo com as profundas alterações que a própria sociedade portuguesa tem sofrido, e a que os bombeiros e as associações não podem ficar indiferentes”, precisa aquela confederação representativa das associares humanitárias.

António Nunes criticou o ‘timing’ e manifestou-se indignado com o facto de o INEM ter escolhido esta semana, numa altura em que o país estava em situação de alerta devido aos incêndios florestais, para fazer a fiscalização habitual às ambulâncias nas corporações dos bombeiros.

Esta fiscalização é aleatória e, por vezes não acontece todos anos, pelo que o presidente da Liga considerou que podia ser feita em setembro, uma vez que muitos dos primeiros e segundos comandantes não estava esta semana nos quartéis para responder e dar explicações sobre as ambulâncias em causa.