Macedo, que operou Bolsonaro e acompanha o Bolsonaro desde que este foi esfaqueado num evento de campanha na cidade de Juiz de Fora em 2018, explicou, numa breve conferência de imprensa após o Presidente receber alta do hospital Vila Nova Star, em São Paulo, que o atentado provocou uma cirurgia que foi muito bem feita, mas depois disso o chefe de Estado teve uma peritinite (inflamação) que gerou uma grande quantidade de reações imunológicas e aderências no seu abdómen.
“Estas aderências às vezes possibilitam um quadro de obstrução intestinal. Normalmente nestes quadros nós não operamos direto, se faz uma sonda gástrica, hidratação, corta a alimentação e ele [Bolsonaro] como tem uma saúde muito boa recuperou rapidamente”, salientou o médico.
“Agora o Presidente está normal, vai fazer uma dieta especial durante uma semana, vai apenas fazer caminhadas, não vai fazer exercícios muito intensos, mas ele está curado e pronto para o trabalho”, acrescentou Macedo.
Já o Presidente brasileiro, que também participou da conversa com jornalistas, disse que muitas pessoas espalham teorias mentirosas de que ele não teria levado a facada e considerou que a pergunta seria uma agressão aos médicos que o atenderam ao ser questionado sobre um suposto uso político do atentado que sofreu.
“Querem politizar uma tentativa de homicídio? As imagens mostram em Juiz de Fora a faca entrando e tem o brilho dela [da faca], inclusive, quando sai”, afirmou.
Na sequência, o médico que acompanha o Presidente brasileiro afirmou que a faca usada no atentado contra Bolsonaro passou a poucos centímetros de uma artéria importante e que poderia tê-lo matado.
Bolsonaro reforçou que o seu internamento agora não tem efeito político e que não queria estar no hospital.
“Querer levar para este lado da politização, [dizer] que estou me vitimizando, está de brincadeira comigo”, disparou.
Aproveitando o momento, Bolsonaro também voltou a colocar em causa as investigações sobre o atentado contra si que indicaram que o incidente foi causado por um homem chamado Adélio Bispo de Oliveira, diagnosticado com problemas psicológicos e que teria agido sozinho.
“O delegado que estava no caso saiu do caso agora, está indo para o exterior, e o processo foi reaberto depois de praticamente três anos. A gente espera que a Polícia Federal aprofunde mais [as investigações] porque conseguimos agora adentrar os telefones dos advogados”, disse Bolsonaro.
“O advogado [do autor do atentado] falou que era pago por um órgão de imprensa [‘media’]. Ele mesmo disse aquilo, acho que a própria imprensa tem interesse em resolver este assunto porque não foi da cabeça dele [Adélio Bispo] (…) Vai chegar em gente importante, com certeza não foi da cabeça dele que ele fez aquilo”, acrescentou Bolsonaro.
O chefe de Estado também aproveitou a presença dos jornalistas para promover ações do seu Governo tomadas no final do ano, como a sanção de alguns projetos aprovados no Congresso e disse que não estava exatamente de férias.
Noutro momento da conferência de imprensa, Bolsonaro explicou que teria provocado a obstrução intestinal ao não mastigar da forma correta camarão que comeu no almoço de domingo.
Bolsonaro foi internado após desembarcar em São Paulo na madrugada de segunda-feira, oriundo do litoral do estado brasileiro de Santa Catarina, onde estava em férias.
No mesmo dia, o Presidente brasileiro publicou uma foto de si deitado numa cama nas redes sociais e informou que começou a sentir-se mal após o almoço, no domingo.
Desde que foi vítima de uma facada durante a campanha eleitoral de 2018, o Presidente brasileiro já passou por quatro cirurgias.
Bolsonaro também passou por outros dois procedimentos não relacionados com aquele episódio: a retirada de um cálculo na bexiga e uma vasectomia.
Em julho passado foi também hospitalizado devido a soluços persistentes.
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