"A incontinência é uma patologia com um elevado impacto na vida dos doentes", afirma o médico Ricardo Pereira e Silva, urologista do Hospital Santa Maria, no Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte.

"Apesar de dispormos de um vasto leque de opções terapêuticas, o elevado estigma social faz com que muitos doentes vivam esta doença em silêncio, dificultando o diagnóstico e o tratamento. Embora seja uma patologia invisível, tem um grande impacto na sociedade", acrescenta.

A maioria dos doentes com incontinência urinária, fecal, ou que sofre de ambas, não consultam o médico, porque sentem medo ou vergonha. Este dado espelha o sub-diagnóstico desta patologia, que afeta 420 milhões de pessoas em todo o mundo.

Estima-se que, em Portugal, a incontinência urinária afete cerca de 600 mil portugueses e 5 a 18% da população sofra de algum tipo de incontinência fecal, segundo dados do Movimento Pela Continência e Disfunção Pélvica, que lançou a campanha de sensibilização “A Mochila Mais Pesada”, com o apoio da Medtronic.

Carga emocional

A incontinência é também uma doença com uma forte carga emocional. O medo, a depressão ou a ansiedade são apenas algumas das consequências adicionais com que muitos doentes acabam por se deparar. Apesar de não existirem muitos estudos que tenham avaliado o impacto emocional da incontinência fecal nos doentes, estima-se que cerca de 40% sofre de perturbações psiquiátricas ou problemas de saúde mental.

"Quando uma pessoa é diagnosticada com incontinência, a sua vida muda por completo. Muitos de nós, que vivemos com esta doença, carregamos uma mochila cheia de medos, vergonha e inseguranças", explica Joana Oliveira, presidente do Movimento Pela Continência e Disfunção Pélvica. "É importante que os doentes procurem um médico que lhes dê soluções, mas também está nas mãos de todos ajudarmos a aliviar o peso desta mochila, demonstrando mais sensibilidade e empatia.

Embora a incontinência fecal seja uma patologia frequentemente associada às mulheres ou aos idosos, esta pode atingir qualquer tipo de pessoa, independentemente do sexo ou da idade, em qualquer altura da vida. Por esse motivo, o Movimento Pela Continência e Disfunção Pélvica alerta para o facto de não devermos estigmatizar as pessoas que vivem com este problema de saúde.