A prevenção e o diagnóstico precoce são chaves para um melhor prognóstico no melanoma maligno, uma das formas mais letais de cancro cutâneo, cujas novas terapêuticas e novos fármacos estão hoje a ser discutidos num simpósio da Fundação Champalimaud.
Em entrevista à agência Lusa, a coordenadora de dermatologia da Fundação Champalimaud insistiu que “o cuidado no melanoma é fundamental para se conseguir uma melhoria de prognóstico” e, socorrendo-se de números de um estudo feito com base no Registo Oncológico do Sul de Portugal, apontou que “há uma relação estatística entre o diagnóstico e o tratamento precoce e a melhor sobrevida”.
“Perto de 50% dos novos casos foi diagnosticada numa fase precoce. Identificou-se que há um melhor prognóstico para os doentes que foram identificados numa fase precoce da doença”, disse Daniela Cunha.
O estudo, publicado na revista Nature Scientific Reports, cobre uma população de 4,8 milhões de pessoas residentes entre Lisboa e o Algarve e analisa dados referentes ao período entre janeiro de 2016 e junho de 2017.
“A incidência nesses 18 meses foi de 11,36 casos de melanoma maligno por 100 mil habitantes, o que dá uma incidência ajustada à idade de nove casos por 100 mil habitantes”, disse a especialista.
Para Daniela Cunha, que lembrou que se trata de uma doença fatal, o estudo mostra que “o que tem mais impacto no prognóstico do melanoma é o diagnóstico precoce e a prevenção”.
Apontando que “a incidência (em Portugal) está muito alinhada com a Europa”, Daniela Cunha referiu que “este registo e esta discussão são muito importantes porque na última década se assistiu à entrada de novos fármacos no tratamento do melanoma e de novas terapêuticas que têm impacto na sobrevida dos doentes”.
O melanoma maligno é considerado uma das formas mais letais de cancro cutâneo, mas potencialmente curável.
A radiação ultravioleta (UV) presente na radiação solar é um dos principais fatores carcinogénicos no melanoma maligno, sendo que são especialmente sensíveis aos seus efeitos as pessoas de pele clara, com tendência para queimadura solar fácil, com muitos sinais na pele, com muitos sinais atípicos, portadoras de doenças genéticas associadas a défices de reparação do DNA ou com história familiar de melanoma.
“As pessoas, quando questionadas, normalmente advogam que têm preocupações e comportamentos protetores quanto à exposição ultravioleta, mas a verdade é que ainda não assistimos a um impacto desse comportamento numa diminuição da incidência do melanoma”, disse Daniela Cunha.
A especialista somou como preocupações e dados para a discussão o facto de as alterações climáticas criarem um início precoce da época balnear e um final tardio que “por vezes cria a perceção errada de que o sol não é tão intenso o que leva a descuidos”.
“E hoje há maior facilidade em voar para destinos tropicais ou de climas mais atrativos. Também é importante compreender que proteção solar é evitar a exposição. O protetor solar não é um escudo ou uma armadura que protege completamente como se estivéssemos dentro de casa. Evitar as horas de risco é o principal”, frisou.
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