A meningite pode afetar qualquer pessoa?
A meningite é uma inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, que pode ter várias causas, nomeadamente as infeções. Como tal, qualquer pessoa pode vir a ter uma meningite no decurso da sua vida.
Existem comportamentos de risco que tornam os adolescentes mais vulneráveis a esta infeção?
Uma das causas de meningite é a infeção bacteriana, sendo que, neste caso, os agentes que encontramos mais frequentemente variam com a idade. Em adolescentes e jovens adultos, a bactéria mais implicada é a Neisseria meningitidis, conhecida como meningococo, correspondendo a cerca de metade dos casos de meningite bacteriana nesta faixa etária.
O meningococo aloja-se habitualmente na nasofaringe do ser humano, o que chamamos de colonização, e tem especial preferência pelo adolescente e jovem adulto. Esta colonização em si não causa a doença, porque é necessário a bactéria entrar na corrente sanguínea, mas facilita a transmissão de pessoa a pessoa, pelas secreções respiratórias. E assim eu não diria que são propriamente comportamentos de risco que levam a uma maior vulnerabilidade dos adolescentes à infeção, mas sim à associação entre a maior colonização nesta faixa etária e os comportamentos socialmente próprios desta idade, como frequência de espaços fechados com contacto muito próximo (discotecas, bares), troca de beijos ou habitação em residências universitárias.
Como posso proteger o meu filho adolescente contra a meningite bacteriana, caso não tenha sido vacinado quando era criança?
A medida mais eficaz na prevenção da doença meningocócica em crianças e adolescentes é a vacinação, sendo que desde 2020 que a vacina anti-meningocócica B é disponibilizada no Programa Nacional de Vacinação (PNV), para bebés e crianças nascidas a partir de 1 de janeiro de 2019, e para os que pertencem a algum grupo de risco para a doença. No caso de adolescentes não vacinados, a Comissão de Vacinas da Sociedade de Infeciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria recomendam a administração de duas doses da vacina, com intervalo não inferior a um mês entre elas.
Existe um limite de idade para a eficácia da vacina?
Nos vários estudos que já foram efetuados em adolescentes e jovens adultos, as vacinas demonstraram ser imunogénicas (isto é, capazes de provocar uma resposta imune no organismo), eficazes e bem toleradas. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) não estabeleceu nenhum limite de idade para a sua administração, pelo que pode ser administrada a adolescentes e adultos.
Quais são os riscos de contrair a doença se não estiver vacinado?
A doença meningocócica consegue ser verdadeiramente devastadora, e para além da meningite, pode manifestar-se sob outras formas graves. Tem igualmente a particularidade de ser mais frequente em idades mais baixas, atingindo crianças e jovens previamente saudáveis e podendo causar a morte numa questão de horas. Mesmo quando a consequência não é a morte, a recuperação pode envolver sequelas graves, como amputações de membros, surdez, ou alterações mentais. Havendo a possibilidade de vacinar contra agentes causadores, e sendo as vacinas eficazes e seguras, será um risco aparentemente desnecessário de se correr.
No caso dos adultos, também se beneficia se fizer a vacina?
Tal como referi anteriormente, a vacina encontra-se aprovada para uso em adultos, sem limite de idade, pelo que tendo em conta a prevalência da doença particularmente em jovens adultos, a sua administração é considerada benéfica.
Existem outros tipos de meningite?
Quando falamos da meningite bacteriana, existem então três bactérias que maioritariamente são responsáveis por esta infeção – o Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae, e a Neisseria meningitidis (ou meningococo). É este último de que falamos, quando nos referimos à doença meningocócica. Existem vários tipos de meningococo, sendo que a primeira vacina a ser disponibilizada no âmbito do PNV foi a anti-meningocócica C, em 2006. Verificou-se que a doença causada pelo meningococo C desceu para níveis muito baixos, permanecendo ainda até hoje o meningococo B como causa mais frequente de doença meningocócica, papel esse que esperamos que a vacinação universal venha a reduzir. Existem ainda outros tipos menos frequentes entre nós, como é o caso do W e do Y, sendo que nos últimos anos se tem assistido a um aumento do número de casos, particularmente do tipo W, o que atualmente também justifica a recomendação da Comissão de Vacinas da Sociedade de Infeciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria de vacinar as crianças e adolescentes para proteção individual, com a vacina anti-meningocócica ACWY, também disponível em Portugal.
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