A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) e o Sindicato Independente dos Médicos apresentaram hoje à tutela uma contraproposta negocial na qual exigem a reposição do horário semanal de 35 horas para todos os médicos que assim o desejem e das 12 horas semanais de trabalho no Serviço de Urgência, bem como um aumento salarial transversal de 30%.

À saída da reunião no Ministério da Saúde, que durou cerca de suas horas, o secretário-geral do SIM afirmou aos jornalistas que, “em relação à sensata proposta apresentada em conjunto pelos dois sindicatos em nenhuma das matérias o Ministério da Saúde fechou a porta”.

“Isto quer dizer que vai analisá-las, vai fazer uma contraproposta que nos vai apresentar no sábado e nós no domingo iremos, depois de a analisarmos, dar a nossa posição”, disse Jorge Roque da Cunha.

O líder sindical disse ainda que estão "totalmente abertos" para o diálogo, "dado a gravidade que o Serviço Nacional de Saúde atravessa neste momento", e sublinhou que o que estão a pedir "não é nada demais".

"É fazer com que os médicos tenham o horário que têm todos os outros funcionários públicos, diminuir a carga de trabalho, criar condições para que haja mais médicos no Serviço Nacional de Saúde e que os médicos se sintam revistos neste acordo, e que o descontentamento, que é mais do que evidente e mais do que justo, e a frustração, sejam ultrapassados", adiantou.

A presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, disse, por seu turno, que a condição para a federação estar presente na reunião é que o Ministério apresente “uma proposta por escrito durante o dia de sábado” para que possa ser analisada, lembrando que os sindicatos estão habituados, desde há 18 meses, a “um rol de reuniões que tem sido muito infrutíferas”.

“É fundamental que os princípios que estão vertidos na nossa proposta sejam aceites e que nós possamos aplicá-los de uma forma séria e também com razoabilidade”, disse a dirigente sindical.

Salientou que “é necessário de uma vez por todas” que o Governo, o Ministério da Saúde e “o doutor Manuel Pizarro em pessoa percebam o que é necessário para os médicos estarem no Serviço Nacional de Saúde”.

Questionada sobre se está otimista em relação a um acordo no próximo domingo, Joana Bordalo e Sá afirmou que “só não acontece se o Governo assim não quiser”.

“As propostas estão neste momento em cima da mesa. No entanto, nós precisamos de seriedade em todo o processo negocial, precisamos das atas das reuniões anteriores (…) e que o documento nos chegue com seriedade, com tudo o que é necessário, para o podermos analisar de forma séria e podermos estar aqui para uma solução para o Serviço Nacional de Saúde”, frisou.

Joana Bordalo e Sá afirmou que o que está em causa “é mesmo o Serviço Nacional de Saúde, que está em risco e o Ministério da Saúde até hoje nada fez para que as coisas se resolvessem”.

Defendeu que agora é necessário que Manuel Pizarro aceite os princípios que estão na contraproposta dos sindicatos, para fazer uma contraproposta, e depois disso é que poderá estar em cima da mesa “um faseamento que possa dar uma resposta razoável aos médicos”.

“Se nada acontecer efetivamente, esta luta vai continuar, porque os médicos estão efetivamente a lutar pelas suas condições de trabalho, estão a lutar pelo Serviço Nacional de Saúde”, avisou Joana Bordalo e Sá, salientando que a greve agendada para 14 e 15 de novembro se manterá se não houver acordo.