Cientistas do Instituto de Genética da Universidade College London detetou quase 200 mutações genéticas do novo coronavírus - SARS-CoV-2 - numa amostra de 7.500 pessoas, o que mostra a capacidade de adaptação deste agente patogénico aos hospedeiros humanos. Mais: a equipa descobriu que o vírus já circulava no mundo no último trimestre do ano passado.
"As estimativas filogenéticas sustentam que a pandemia de COVID-19 começou entre 6 de outubro de 2019 e 11 de dezembro de 2019", escreveu a equipa do estudo, co-liderada por François Balloux. A investigação foi publicada na revista Infection, Genetics and Evolution.
Balloux afirma que a análise mostra que o vírus sofre mutações como normalmente acontece com os vírus e que uma grande proporção da diversidade genética global do vírus causador do COVID-19 foi encontrada nos países mais atingidos. "Todos os vírus mudam naturalmente. Mutações em si não são uma coisa má e não há nada que sugira que o SARS-CoV-2 esteja a mutar mais rápido ou mais devagar do que o esperado", admite. "Até agora, não podemos dizer se o SARS-CoV-2 está a tornar-se mais ou menos letal e contagioso", acrescenta.
Num segundo estudo também publicado na quarta-feira, cientistas da Universidade de Glasgow, também no Reino Unido, informam que as suas descobertas revelam haver alguma imprecisão em trabalhos anteriores que sugeriam haver duas estirpes diferentes do coronavírus. Segundo este estudo publicado na revista Virus Evolution, a equipa de Glasgow disse que havia apenas um tipo de vírus em circulação.
Homem em França infetado em dezembro
Um estudo de cientistas franceses publicado no início desta semana descobriu que um homem em França já estava infetado com o novo agente patogénico a 27 de dezembro, quase um mês antes das autoridades confirmarem os primeiros casos em solo francês.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que o caso francês "não é surpreendente" e instou os países a investigar outros casos suspeitos iniciais.
A equipe de Balloux examinou o genoma de mais de 7.500 pacientes infetados em todo o mundo. Os resultados aumentam a evidência crescente de que as mutações do vírus SARS-CoV-2 partilham um ancestral comum anterior a dezembro de 2019, sugerindo que foi nessa altura que o vírus saltou de um hospedeiro animal para o ser humano.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 260 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
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