"O processo de luto é a adaptação a um mundo sem a pessoa perdida e, por sua vez, à ausência dos momentos de proximidade física e toque com a mesma, exigindo a transformação da relação anteriormente física numa relação meramente emocional, interna e simbólica", explica Mauro Paulino, psicólogo clínico e forense e coordenador da MIND - Psicologia Clínica e Forense.

"A intervenção psicológica no luto abrange vários objetivos terapêuticos, como são exemplo a exploração das especificidades do processo de luto, a validação e normalização da experiência da perda, a identificação de ferramentas para a gestão do sofrimento e o potenciar do crescimento e desenvolvimento pessoal da pessoa em luto", diz o especialista.

O livro "Luto: Manual de Intervenção Psicológica" aborda as especificidades da intervenção em função do tipo de perda (luto inesperado, luto antecipatório, luto patológico), do momento do ciclo da vida em que ocorre (infância, adolescência, terceira idade) e da sua natureza (homicídio, suicídio, doença crónica), apresentando as estratégias e ferramentas de intervenção atuais que se adequam às especificidades referidas e que apelam à concetualização da perda em função das diferenças individuais da pessoa em luto, da sua história e da natureza da relação com a pessoa perdida.

O recurso a casos clínicos permite alcançar uma maior compreensão dos processos de luto e dos desafios associados, por exemplo, a identificação de rituais do luto e a gestão das dinâmicas familiares num contexto de inúmeras perdas (como a perda do futuro, dos planos e das expectativas), que acentuam o sofrimento atroz vivenciado pela perda real da pessoa.

Luto

"Este manual é uma mais-valia pelos conhecimentos cientificamente validados que sistematiza, inclusive num período pandémico - de COVID-19 -, em que toda a comunidade se encontra (ou encontrou) em luto pelas vidas atingidas por um vírus que exigiu também o refletir da intervenção psicológica no luto, constituindo-se como um recurso essencial aos profissionais e estudantes da área da psicologia e da saúde que trabalham com uma das experiências humanas mais avassaladoras - a morte", conclui Mauro Paulino.