É importante saber que "a quantidade de radiação UV a que estamos sujeitos está dependente da hora do dia e da localização geográfica, assim como da capacidade refletora do meio ambiente em que nos encontramos, sendo essencial a proteção ocular em diversas ocasiões para evitar problemas oculares maiores", alerta a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).

"O olho tem mecanismos próprios de defesa para o excesso de radiação UV. Em situações de alta luminosidade há uma tendência para piscar/semicerrar os olhos. Também a pupila, pelas alterações do seu tamanho, funciona como uma proteção. A córnea e o cristalino são estruturas oculares que também ajudam a diminuir a quantidade de raios que chega à retina mas isto não é o suficiente", começa por clarificar Sandra Barrão, médica oftalmologista da SPO.

A utilização de óculos de sol é um reforço importante para diminuir a luminosidade a que o olho está sujeito, dando-lhe um maior conforto. No entanto, só é eficaz se as lentes dos óculos tiverem um filtro de proteção contra os UV, independente da cor das lentes.

"Esse filtro deve garantir um bloqueio perto dos 100%, para além de que deve ter um selo de garantia pelo fabricante e qualidade de forma a não causarem distorção da imagem", alerta Sandra Barrão.

Para evitar o aparecimento de problemas oculares, Sandra Barrão aconselha a promoção de outros tipos de proteções:

  • Usar chapéu de sol, sendo que quanto maior for a aba menor é a exposição ao sol;
  • Evitar as horas de maior incidência solar;
  • Utilizar protetor solar;
  • Proteger os olhos dos produtos de desinfeção da água, como, por exemplo, o cloro, em ambiente de piscina.

"Qualquer existência prévia de patologia ocular ou de situações sistémicas que estejam associadas a alterações oculares, assim como novas queixas são motivo para manter as consultas de seguimento. O atraso no diagnóstico e na instituição da terapêutica pode resultar na perda definitiva de acuidade visual", relembra a médica oftalmologista da SPO.

Um oftalmologista é um médico especialista que, além do curso de medicina (6 anos ou mais) e de um estágio no campo das ciências médicas em geral (cerca de 2 anos), realizou uma preparação específica no âmbito da oftalmologia (Internato de Especialidade – 4 anos ou mais). Fica assim capacitado para o tratamento médico e cirúrgico das doenças oculares. Um oftalmologista é um profissional qualificado por uma longa carreira universitária e por um rigoroso treino médico-cirúrgico para diagnosticar e tratar todas as doenças do sistema visual.

Com que frequência devo ser visto?

A frequência com que os nossos olhos devem ser examinados difere com a idade e com doenças associadas. Os adultos saudáveis deverão fazer pelo menos um exame oftalmológico entre os 20 e os 40 anos, desde que não surjam sintomas. Os indivíduos de etnia africana deverão fazer exames mais frequentes para despiste de glaucoma (pelo menos de 4 em 4 anos). As pessoas diabéticas, ou com outras doenças que sejam um factor de risco para problemas oculares devem ser também examinadas com maior frequência (uma vez por ano).

Antes dos 20 anos e muito em especial antes da entrada para a escola, o despiste e a descoberta de alguns problemas oculares reveste-se de uma importância particular pelo que o exame médico aos olhos deve ser mais frequente. Após os 40 anos o exame ocular deve ser feito de dois em dois anos nas pessoas saudáveis.

Sobre os óculos de sol

Será que o sol faz mal aos olhos? Devemos usar óculos de sol? Que tipos de óculos de sol devemos escolher? Há fatores que tornam os nossos olhos mais sensíveis à luz solar?

Vários estudos têm demonstrado que as pessoas mais expostas à luz solar têm uma maior tendência a desenvolverem algumas doenças oculares. Os raios ultravioletas (UV) são o componente da luz solar mais implicados no desenvolvimento destas doenças. É contra esta radiação solar que nos devemos proteger com óculos de sol pelo que, ter uns óculos muito escuros não significa maior proteção para os nossos olhos. Devemos escolher óculos cujas lentes filtrem 99 a 100% da luz UV (tanto UV-A como UV-B).

Mais do que a ação aguda dos raios UV sobre os nossos olhos (que provoca uma queimadura na superfície ocular do tipo da que é causada na pele), é o efeito cumulativo de longos períodos expostos à luz solar que tem um efeito mais pernicioso sobre a visão. A exposição prolongada à luz UV pode causar diversas alterações oculares, mas a mais temida é uma alteração da mácula denominada degenerescência macular relacionada com a idade.

Certas pessoas são mais atingidas pela radiação UV como é o caso das que:

  • Por questões profissionais, estão mais expostas ao sol,
  • Vivem junto à praia (onde há maior reflexo de luz solar na água e na areia),
  • Vivem perto do equador,
  • Vivem em zonas mais elevadas,
  • Entre outras...

Certos medicamentos podem também tornar os olhos mais sensíveis à luz (doxiciclina, tetraciclina, alopurinol, etc.).

Não esquecer que um chapéu de abas largas, não substituindo os óculos, tem também um papel importante na proteção solar.