As advertências do ministro da Saúde da França, Olivier Veran, no fim de semana, seguiram um estudo recente publicado pela The Lancet na quarta-feira, com a hipótese de que uma enzima estimulada pelo ibuprofeno e outras drogas semelhantes pode facilitar e piorar as infeções por vírus.
O porta-voz da OMS em Genebra, Christian Lindmeier, disse esta terça-feira aos repórteres que especialistas da ONU "estão a analisar o assunto". "Enquanto isso, recomendamos o uso de paracetamol e não usar ibuprofeno como automedicação. É importante", acrescentou.
O ministro francês indicou num tweet que o ibuprofeno e outras drogas similares podem ser "um fator agravante" nas infeções por coronavírus.
Ontem, em comunicado, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) reafirmou uma posição expressa no domingo pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas: "não há motivo para os doentes que se encontrem em tratamento com os referidos medicamentos [ibuprofeno ou outros anti-inflamatórios não esteroides] o interrompam".
O Infarmed justificava-se, dizendo que a possível exacerbação das infeções, na generalidade, e a toma de ibuprofeno está a ser avaliada na União Europeia, no Comité de Avaliação de Risco de Farmacovigilância da Agência Europeia do Medicamento (EMA), e deverá estar concluída em maio.
"Espera-se que esta análise, cuja conclusão se aguarda em maio de 2020, permita esclarecer se existe uma associação entre a toma de ibuprofeno e a exacerbação das infeções. Dado que o ibuprofeno é utilizado para tratar os sintomas iniciais das infeções, será extremamente complexo determinar esta relação", explicava a nota. Assim, acrescenta o Infarmed, "não há motivo para os doentes que se encontrem em tratamento com os referidos medicamentos o interrompam", algo que é agora desaconselhado pela OMS.
Ainda assim, o Infarmed aconselha os doentes a respeitarem sempre as indicações dos seus médicos assistentes no uso racional dos medicamentos prescritos.
Portugal registou ontem a primeira morte por COVID-19, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. Trata-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Há pelo menos 448 pessoas infetadas em Portugal, segundo o boletim diário de ontem da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Numa mensagem em vídeo, o Presidente da República anunciou no domingo uma reunião do Conselho de Estado na quarta-feira para "analisar a situação". Marcelo Rebelo de Sousa deverá decidir amanhã se decreta ou não Estado de Emergência, um estado de exceção que só pode ser declarado em casos de grave ameaça ou perturbação da ordem democrática ou de calamidade pública.
O Governo português declarou na sexta-feira o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira, impondo restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quarta-feira, a doença COVID-19 como pandemia, justificando tal denominação com os “níveis alarmantes de propagação e de inação”. O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 7.000 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ronda as 175 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins de infância e outras instituições de ensino.
França decretou o isolamento obrigatório na segunda-feira e suspendeu a segunda volta das eleições municipais.
Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, comunicou na semana passada ao país o encerramento de todas as escolas para travar a proliferação do coronavírus, entre outras medidas.
Também foi anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália e de e para Espanha.
A Direção-Geral de Saúde reforçou as recomendações à população.
Nos últimos dias, Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo italiano decidiu há uma semana alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano.
Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.
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