“Estamos a tentar se familiarizar com esta nova realidade, reinventando uma nova forma perante esta situação. É triste termos de passar o Ramadão isolados e sem poder jejuar lado a lado”, disse à Lusa o Sheik Abdul Magid António, representante do Conselho Islâmico em Nampula, a província mais populosa do país, com cerca de 5,7 milhões de habitantes.

Com as mesquitas fechadas por imperativo do decreto do estado de emergência, devido à covid-19, a “oração noturna” e a “quebra de jejum” depois do pôr do sol são todas feitas em casa, apenas com a família e num ambiente diferente do tradicional.

“A religião tradicionalmente incentiva a inteiração social e é triste não termos como interagir neste momento. Mas a comunidade está gradualmente entender que são restrições necessárias”, acrescentou.

O Ramadão é o nono mês do calendário islâmico e o quarto dos cinco pilares do Islão, sendo que, durante o período, os muçulmanos devem jejuar desde o nascer até ao por do sol.

Como é feito em todos os anos nesta época, a ministra do Trabalho e Segurança Social de Moçambique, Margarida Talapa, decidiu flexibilizar o horário de trabalho para professantes da religião muçulmana, que vão passar a trabalhar, no período da manhã, das 8:15 às 12:15 horas e, no turno da tarde, das 13:30 às 16:15 horas, entre 25 do mês em curso e 25 de maio.

Além do cristianismo, o islamismo é uma das religiões mais professadas em Moçambique, principalmente no norte do país, devido às influências do contacto com os povos árabes por volta do século VI, antes da chegada dos portugueses.

De acordo com o censo geral de 2017, 18% da população moçambicana segue a religião islâmica, a segunda mais representativa depois da religião católica, com 26% da população.

Com total de 76 casos registados, Moçambique vive em estado de emergência durante o mês de abril, com escolas e espaços de lazer encerrados, bem como proibições de cultos e aglomerações.