Nuno Osório, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho, faz parte de uma equipa que desenvolveu um projeto de investigação, “Increased circulation time of Plasmodium falciparum underlies persistent asymptomatic infection in the dry season”, recentemente publicada na Nature Medicine, que visa perceber como os parasitas da malária sobrevivem à estação seca, esperando silenciosamente nos humanos o regresso da estação das chuvas e dos mosquitos.
A malária é uma das principais doenças parasitárias no mundo, com grande alcance epidemiológico e possibilidade de desenvolvimento de quadros de saúde graves, maioritariamente devido ao parasita Plasmodium falciparum, sendo necessário o conhecimento adequado da forma como este aparece e se desenvolve antes da infeção nos humanos.
“Os casos de malária são predominantes durante as estações chuvosas em muitas regiões endémicas devido ao ciclo de vida do parasita. Este adapta-se aos humanos durante a estação seca para persistir, sem causar sintomas de malária ou matar o hospedeiro e sendo capaz de evitar ser eliminado pelo seu sistema imune”, afirma Nuno Osório.
E continua: “O parasita Plasmodium falciparum passa uma parte do seu ciclo de vida no hospedeiro humano e outra parte em mosquitos. Durante a parte humana do seu ciclo de vida, o parasita infeta e multiplica-se em células de sangue. Na estação seca, com a diminuição temporária do número de mosquitos, o parasita consegue adaptar o seu perfil de transcrição para persistir durante meses dando depois continuidade à epidemia”.
Com amostras de sangue de portadores do parasita e de não infetados, foi possível determinar que os parasitas da estação seca não ativaram a imunidade do hospedeiro. Os parasitas da malária transmitem-se entre humanos por meio de picadas de mosquitos infetados, mas em muitas áreas do globo onde a malária é endémica, uma estação seca interrompe a sua transmissão durante vários meses.
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