A OE contabilizou 4506 solicitações do certificado de equivalência para exercer no estrangeiro, contra os 2736 de 2018 e os 1286 em 2017.
Face aos dados do primeiro semestre de 2019, que contabilizou 2321 pedidos de declarações, a Ordem já tinha alertado para a possibilidade de 2019 vir a registar a maior vaga de emigração de sempre, o que acabou por se concretizar, e o ano fechou com números surpreendentes e além dos estimados.
"Este é um número preocupante, que diz muito sobre o estado da Saúde em Portugal e, em particular, sobre a forma como os profissionais são tratados", comenta a bastonária da OE, Ana Rita Cavaco, que atribui esta situação à ausência de contratação, apesar da carência de enfermeiros nos hospitais, e às condições de trabalho.
"No estrangeiro, os enfermeiros têm a formação e a especialidade pagas, têm, efetivamente, uma carreira com diferenciação salarial, mas, acima de tudo, são reconhecidos e acarinhados", acrescenta a bastonária, lembrando que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou 2020 como o Ano Internacional do Enfermeiro.
Reino Unido no topo das preferências
Relativamente aos países que recebem mais enfermeiros portugueses, o Reino Unido continua a ser o principal destino, seguido de Espanha e Suíça.
De sublinhar que os Emirados Árabes surgem já no sexto destino preferencial, assim como vários países fora da Europa, como a China e o Qatar, de acordo com as declarações que referem o país de destino, informação que não é de referência obrigatória.
"Temos 18 mil enfermeiros no estrangeiro e uma grande percentagem destes no Reino Unido. Temos ideia que, por ano, mais de 50% dos pedidos de declaração para efeitos de emigração, ou seja, mais de mil por ano, têm como destino o Reino Unido", lê-se numa nota de imprensa da OE.
Sobre a emigração, e tendo em conta os relatos, "o que podemos dizer é que, atualmente, qualquer país é mais atrativo que Portugal para os enfermeiros, porque são reconhecidos, como temos visto em particular no Reino Unido".
"Têm melhores condições de trabalho e remuneratórias", acrescenta a OE. "Acima de tudo, têm uma carreira. Em Portugal, apesar de faltarem 30 mil enfermeiros, não há contratação e, como tal, muitos profissionais acabam por emigrar", conclui o comunicado.
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