Esta nova tecnologia permite diminuir o diagnóstico microbiológico para cerca de uma hora, quando atualmente a deteção da pneumonia requer um tempo de espera entre 24 a 48 horas.
"O diagnóstico da causa exata da pneumonia só é identificado em cerca de 30% dos casos na prática clínica atual. Este painel aumenta essa possibilidade em aproximadamente dois terços, o que permite o melhor ajuste do tratamento, a escolha do antibiótico correto e a possibilidade de reduzi-lo evitando a toma excessiva e inadequada", afirma Catarina Chaves, patologista clínica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
“A introdução do painel no nosso hospital permite-nos diagnósticos mais rápidos, conhecer rapidamente a causa da doença e reconhecer que alguns tipos de pneumonia são mais importantes do que pensávamos, assim como a causa viral da pneumonia adquirida em ambiente hospitalar", reforça a especialista.
O diagnóstico preciso e rápido do agente patógeno, que provoca a doença, otimiza o tratamento do doente. O Painel Sindrómico, desenvolvido pelos laboratórios bioMérieux, permite identificar até 27 microrganismos (vírus e bactérias) diferentes que causam a doença e deteta sete marcadores genéticos de resistência antimicrobiana.
A rapidez do diagnóstico microbiológico permite prevenir a transmissão da infeção bacteriana e/ou viral, aspeto-chave para tratar a doença com mais eficiência e para a redução dos encargos hospitalares, já que o tempo de internamento hospitalar e o número de exames complementares seriam mais reduzidos.
"As vantagens deste painel vão além de realizar um diagnóstico rápido. Diria que o mais importante está relacionado com a gestão da doença. Obter o tratamento adequado para um doente com uma infeção grave, como a pneumonia, aumenta a eficácia do tratamento e diminui a taxa de mortalidade e os internamentos hospitalares", acrescenta.
Pneumonia mata três milhões por ano
A pneumonia é uma doença inflamatória que afeta o sistema respiratório causada por diferentes vírus e bactérias, sendo estas últimas as mais difíceis de tratar. Streptococcus pneumoniae é a causa mais comum de pneumonia bacteriana, seguida de Haemophilus influenzae tipo b (Hib). Algumas bactérias são resistentes a certos antibióticos, fazendo com que o tratamento seja inútil, pelo que a deteção de genes de resistência pode contribuir para melhorar ainda mais o diagnóstico e o tratamento da doença.
Detetar a causa microbiológica da pneumonia é difícil com as técnicas microbiológicas usadas atualmente, isto porque existe uma alta probabilidade de não se detetar o agente responsável. Os sintomas comuns (falta de ar, fraqueza, febre alta, tosse e fadiga) são semelhantes aos de outras doenças, por isso é comum um diagnóstico impreciso e, consequentemente, a aplicação de antibióticos inadequados, que pode levar a sérias complicações na saúde. Um diagnóstico microbiológico correto é essencial para ajudar o profissional de saúde a tratar o doente da melhor forma possível.
As infeções respiratórias do trato respiratório inferior, na qual a pneumonia está incluída, são a terceira causa de mortalidade em todo o mundo. Só em 2016 provocou mais de 3 milhões de mortes em todo o mundo.
Entre a população mais vulnerável encontram-se indivíduos com idades superiores a 65 anos, crianças e pessoas com doenças respiratórias como asma ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), além dos imunodeprimidos.
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