O documento, que faz o retrato sobre a evolução da infeção em Portugal e é apresentado na semana em que se assinala o Dia Mundial da SIDA, dá nota da redução de 56% no número de novos casos de infeção por VIH e de 74% em novos casos de SIDA entre 2013 e 2022.
"Quanto ao diagnóstico, o mesmo foi tardio em 57,2% dos novos casos (com CD4<350 células/mm3), valor que ascende a 69,9% para as pessoas com idade igual ou superior a 50 anos", refere uma nota de imprensa da DGS.
"Os números refletem que a maioria (75,5%) dos novos casos registou-se em homens (3 casos por cada caso em mulheres) e a mediana das idades à data do diagnóstico foi de 37 anos. A taxa de diagnóstico mais elevada situa-se no grupo dos 20-39 anos, com 54,5% dos novos casos de infeção por VIH. A Área Metropolitana de Lisboa, seguida da região do Algarve, apresentam a taxa de novos diagnósticos mais elevada", lê-se no comunicado.
Embora a transmissão heterossexual se mantenha como a mais frequente (47,7%), os casos em homens que têm sexo com homens (HSH) corresponderam à maioria dos novos diagnósticos em homens (61,8%).
Foram comunicados 151 óbitos em 2022 em pessoas que viviam com VIH, sendo que na maioria (51,7%) destes casos o diagnóstico da infeção tinha ocorrido há mais de 15 anos. A idade mediana ao óbito foi de 60 anos.
"No ano de 2023 assinalam-se quatro décadas da epidemia de VIH em Portugal. Ao longo destes quarenta anos foram notificados 66.061 casos de infeção, dos quais 23.637 atingiram o estádio SIDA e foram reportados 15.779 óbitos em pessoas que viviam com VIH. Estimou-se que no final de 2021 viveriam em Portugal 45.532 pessoas com infeção por VIH, 94,4% das quais já conheciam o seu diagnóstico", diz a nota de imprensa.
Este ano também se comemoram 30 anos do Programa Troca de Seringas, responsável pela distribuição de mais de 64 milhões de seringas, que resultou numa redução da proporção de novos diagnósticos no grupo de pessoas que utilizam drogas por via injetável. Entre 2013 e 2022, observou-se uma redução de 84% dos novos diagnósticos nesta população.
"Em 2022, registaram-se aumentos expressivos tanto no número de testes para VIH efetuados no país - cerca de 70 mil através de testes rápidos e mais de 370 mil em testes laboratoriais com prescrição do Serviço Nacional de Saúde - como no número de pessoas que usaram Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), com aproximadamente 4.500 pessoas a receberem-na pelo menos uma vez no ano, 2.161 das quais pela primeira vez na vida", refere.
"O estigma e a discriminação associados à infeção por VIH persistem, com quatro em cada dez pessoas a referirem terem sido alvo de algum tipo de discriminação social e 15% a reportarem já ter sofrido alguma situação de violação dos seus direitos, de acordo com o Índice do Estigma das Pessoas que Vivem com VIH", conclui.
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