Na quarta-feira, a urgência do hospital de Leiria registou um “aumento” da afluência de utentes, “muito superior à capacidade”, o que obrigou o conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) a pedir o encaminhamento de doentes emergentes para outras unidades hospitalares de referência da rede do Serviço Nacional de Saúde.

“O CHL esclarece ainda que, apesar de o Serviço de Urgência Geral ter enfrentado um período com dificuldades devido à sobrelotação de doentes, não esteve encerrado em nenhum momento”, sublinhou o conselho de administração, numa resposta escrita.

Segundo o CHL, “a única alteração foi o reencaminhamento de doentes emergentes, referenciados via CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes], para outras unidades do SNS, devido à afluência anormal, e para não prejudicar o atendimento dos outros doentes que acorriam às urgências, e foram todos atendidos”.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) voltou a denunciar à Lusa, na quarta-feira, que as urgências estavam fechadas.

O secretário regional do Centro do SIM, José Carlos Almeida, considerou à agência Lusa que esta é uma “situação extremamente grave” e que “põe em causa o atendimento de um universo de 400 mil pessoas”.

“É o espelho do desinvestimento do Governo no SNS”, sublinhou, ao lamentar ainda que o CHL esteja a reverter “mais de 30 camas” que eram para doentes agudos em unidade de cuidados continuados.

Desde a pandemia, as urgências do hospital de Leiria têm registado momentos elevados de afluência, que têm condicionado a capacidade de resposta.

A falta de profissionais de saúde para preencherem as escalas de serviço tem sido outro problema relatado pelos sindicatos e Ordem, que o CHL tem confirmado e informado que procura resolver com o recurso a médicos externos.

Na quarta-feira, o CHL adiantou que o “Serviço de Urgência Geral tem registado alguns constrangimentos nos últimos dias, relacionados com um aumento de afluência de utentes, muito superior à sua capacidade, o que limita uma resposta adequada ao nível da prestação de cuidados de saúde”.

Segundo o conselho de administração, “estão a ser definidas medidas para regularizar esta situação, que pode implicar a paragem de atividade assistencial programada de consultas menos urgentes, de forma a dar resposta aos doentes mais graves, alocando mais recursos médicos no atendimento no Serviço de Urgência Geral e possibilitando o aumento do fluxo de doentes nas enfermarias”.

O CHL disse ainda que foram asseguradas mais 10 camas para o internamento de doentes.

Dada esta afluência, o CHL apelou, uma vez mais, para que “todos os utentes que não necessitem de cuidados de saúde urgentes recorram aos cuidados de saúde primários, de forma a libertar as urgências hospitalares para os casos mais graves”.

O CHL tem no contexto do Serviço Nacional de Saúde como área de influência a correspondente aos concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós, Nazaré, Pombal, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere, Ourém e parte dos concelhos de Alcobaça e Soure servindo uma população de cerca de 400.000 habitantes.