A aterosclerose é uma doença inflamatória crónica que afeta as artérias do nosso corpo. Tem um início silencioso, muitas vezes ainda durante a infância, com evolução lenta ao longo de décadas e manifestação normalmente apenas em idades mais avançadas.
Carateriza-se pela presença de lesões nas paredes das artérias, com acumulação de gordura e estreitamento progressivo do seu calibre, com consequente redução ou obstrução do fluxo sanguíneo.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da aterosclerose são conhecidos e, infelizmente, bastante prevalentes na população portuguesa.
Entre eles:
- a obesidade, sendo que cerca de 50% dos portugueses têm excesso de peso;
- a hipertensão arterial, que afeta até 40% da população;
- níveis elevados de colesterol no sangue, presente em cerca de 30%;
- tabagismo;
- sedentarismo, por exemplo.
A aterosclerose tem uma fase assintomática prolongada. Os sintomas só surgem quando o fluxo de sangue para determinado órgão está gravemente comprometido.
Os sintomas dependem do território vascular afetado, sendo que pode manifestar-se como:
- Desvio da cara, falta de força num dos lados do corpo e dificuldade em falar, sintomas mais comuns de um acidente vascular cerebral (AVC);
- Dor forte no peito, sintoma mais comum de enfarte agudo do miocárdio;
- Dor intensa nas pernas ao caminhar, sintoma comum de doença arterial periférica, por exemplo.
A aterosclerose é o processo que está na base da grande maioria das doenças cardio-cerebro-vasculares, que são a principal causa de morte em Portugal, responsáveis por cerca de 30% das mortes.
Não existe cura para a aterosclerose. Existe medicação que controla e estabiliza as placas ateroscleróticas (de gordura) das artérias para evitar a sua progressão.
A prevenção é a chave para o tratamento da aterosclerose. Deve iniciar-se ainda na infância, com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis, alimentação com base na dieta mediterrânica e prática de exercício físico. Deve ser implementada por todos, quanto mais cedo melhor, sendo que nunca é tarde para reduzir o seu risco cardio-cerebro-vascular.
Um artigo do médico Rui Azevedo Guerreiro, Cardiologista e membro da Sociedade Portuguesa Cardiologia.
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