“É uma freguesia isolada, com uma população idosa e os médicos não chegam lá com frequência e quando falham as pessoas ficam sem consulta”, relatou Jacinto Vinagre, porta-voz da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Alcácer do Sal.
Em declarações à agência Lusa, o responsável precisou que, além da falta de profissionais de saúde, “os meios [de transporte] são inexistentes e quem não tem viatura própria tem muitas dificuldades em deslocar-se para a sede de concelho”.
“Em São Martinho há poucos jovens e os que há escolhem trabalhar noutros locais, como Alcácer do Sal ou Grândola, e a maioria das pessoas são reformados e idosos”, explicou.
De acordo com a comissão, em comunicado, os cerca de 400 utentes desta freguesia “têm apenas uma consulta médica por semana e, apenas, numa parte do dia”, sendo frequente ficarem sem atendimento sempre que “o médico está doente ou de férias” porque “não há outro médico para o substituir”.
“Quando não têm consultas as alternativas são poucas”, esclareceu o responsável, acrescentando que, para contornar essa situação, a maioria dos utentes recorre “a uma pessoa amiga” ou aos serviços “da Junta de Freguesia que se substitui, às vezes ao Estado, para levar as pessoas a Alcácer do Sal para as consultas”.
O porta-voz da comissão de utentes, que na sexta-feira realiza uma Tribuna Pública, pelas 18:00, junto à extensão de Saúde de Casebres, quer “chamar a atenção” dos responsáveis para esta situação e pedir “mais médicos e assistentes” para garantir “melhor saúde” para a população.
“Gostaríamos que a extensão de saúde e todo o Serviço Nacional de Saúde (SNS) estivessem em condições de prestar esses serviços em condições às pessoas que fazem os seus descontos e depois quando precisam do SNS pura e simplesmente não existe”, criticou.
No comunicado, a comissão de utentes alertou ainda para os tempos de espera para a realização de exames, consultas ou cirurgias no Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, que continuam “muito elevados”, dando como exemplo a “cirurgia de Otorrinolaringologia”, com “cerca de 500 dias”.
“Em toda a região [do litoral alentejano] há cerca de 20 mil utentes sem médico de família”, na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano “faltam cerca de 100 enfermeiros para os cuidados de saúde primários” e no HLA “há só um médico cardiologista para mais de 100 mil utentes”, concluiu.
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