O governo francês anunciou a retoma da campanha de vacinação e, simultaneamente, ordenou um confinamento parcial de quatro semanas para Paris e arredores, assim como para outras regiões do país devido à "terceira onda" da pandemia.
Um terço da população francesa, submetida pela terceira vez ao encerramento do comércio não essencial, poderá fazer deslocamentos de no máximo 10 km a partir das suas residências. As escolas permanecerão abertas.
Os contágios aceleram no país, que registou mais de 38.000 casos em 24 horas e se aproxima das 100.000 mortes provocadas pelo coronavírus.
A vacinação com o fármaco da AstraZeneca será retomada em França, Alemanha, Bulgária, Eslovénia e Itália, outro país que voltou ao confinamento em boa parte do seu território na segunda-feira.
Portugal só retoma vacinação na segunda-feira
Espanha, Portugal e Holanda só voltarão a aplicar a vacina a partir da próxima semana. Portugal recomeça logo a vacinar com AstraZeneca na segunda-feira.
Quinze países tinham suspendido a administração do fármaco da AstraZeneca com medo dos efeitos colaterais como a formação de coágulos.
O primeiro-ministro português, António Costa, afirmou ontem que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) esclareceu "todas as dúvidas" sobre a vacina da AstraZeneca contra a COVID-19, considerando-a segura, e pediu a união dos Estados-membros em torno da Comissão Europeia.
Neste contexto, António Costa apontou depois que, do ponto de vista político, "é fundamental manter uma ação coordenada entre os Estados-membros da União Europeia, unidos em torno da Comissão Europeia, para reforçar a confiança dos europeus, indispensável ao sucesso do processo de vacinação".
As autoridades de saúde portuguesas decidiram ontem retomar a administração de vacinas da AstraZeneca contra a COVID-19, três dias depois do anúncio de uma suspensão temporária devido a relatos em vários países de casos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
"O plano de vacinação sofreu uma pausa no que concerne à vacina da AstraZeneca e vai ser posto em marcha outra vez a partir de segunda-feira. Vamos retomar o plano, acelerando-o e recuperando o atraso destes quatro ou cinco dias parados sem vacinação da AstraZeneca", afirmou o coordenador da 'task force' para a vacinação contra a COVID-19, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, numa conferência de imprensa em que esteve também presente o presidente do Infarmed, Rui Ivo, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
"Segura e eficaz"
Na quinta-feira, a EMA respaldou o uso da vacina da AstraZeneca. "O comité chegou a uma conclusão científica clara: é uma vacina segura e eficaz", disse a diretora-executiva da EMA, Emer Cooke, em videoconferência, após uma "análise profunda".
A vacina da AstraZeneca, que devia ser a grande resposta europeia à pior epidemia que o mundo viu em um século, causou confusão logo após ser aprovada, quando países que tinham assinado contratos gigantescos de fornecimento a viram primeiro chegar a conta-gotas e, depois, informaram os casos de tromboses.
Mas a agência reguladora europeia "concluiu que a vacina não está associada a um aumento do risco global de eventos de tromboses ou coágulos sanguíneos", afirmou Cooke.
Noruega e Suécia decidiram aguardar os resultados das suas próprias avaliações para retomar a vacinação na próxima semana.
Também é aguardado um pronunciamento nesta sexta-feira do comité consultivo mundial de segurança das vacinas (GACVS), da Organização Mundial da Saúde (OMS), sobre o produto da AstraZeneca.
Nos Estados Unidos, o ritmo de vacinação registou uma aceleração espetacular nas últimas semanas, com a média de 2,4 milhões de doses aplicadas por dia.
Estados Unidos atinge meta
O presidente Joe Biden anunciou que o país alcançará esta sexta-feira - com mais de um mês de antecedência - a meta de aplicar 100 milhões de doses nos primeiros 100 dias do seu mandato.
Do outro lado do Atlântico, o Reino Unido anunciou uma redução do abastecimento de vacinas em abril, o que poder travar a campanha de vacinação, uma das mais avançadas do mundo.
Apesar dos problemas, a vacinação avança e 402,3 milhões de doses foram aplicadas no mundo, quase 25% delas nos Estados Unidos, segundo um balanço da AFP. Na América Latina, o México anunciou que receberá lotes de vacinas dos Estados Unidos.
A Casa Branca confirmou os dados: 2,5 milhões de doses para o México e 1,5 milhão para o Canadá, embora os prazos de entrega ainda não sejam conhecidos.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, admitiu um atraso na chegada das vacinas e pediu o aumento dos cuidados perante o impacto da segunda onda de COVID-19 no país.
"Até hoje chegaram ao país quatro milhões de doses, 6% das doses que contratamos. Quase três milhões de doses foram aplicadas em argentinas e argentinos", afirmou o presidente, antes de admitir: "Está a sair tudo da maneira que esperávamos? Não. Porque há atraso global na produção de vacinas".
A Argentina, com 45 milhões de habitantes, regista mais de dois milhões de casos e mais de 54.000 mortes por COVID-19. O governo assinou contratos para a compra de 65 milhões de vacinas, disse o presidente.
O Chile impôs um novo confinamento do país a partir de quinta-feira, enquanto as vacinas já chegaram até à base chilena na Antártica, onde 50 pessoas receberam a primeira dose.
E em Honduras o governo declarou em alerta ante a possível entrada irregular de supostas vacinas russas contra a COVID-19, após a apreensão no México de uma suposta carga destinada ao país centro-americano.
Com Lusa
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