“A taxa de fecundidade para adolescentes entre os 15 e 19 anos foi de 97,7 gravidezes por cada mil adolescentes em 2020, muito acima da média regional de 43,6 por cada mil”, explicou o representante do UNFPA aos jornalistas.

Jorge González Caro explicou que se trata de uma situação preocupante, mas que não é nova, uma vez que a Venezuela tem liderado estas estatísticas desde “há muitíssimos anos”, com “históricas taxas” de gravidez em adolescentes.

A “taxa geral de fecundação tem descido” na América do Sul, mas não a de adolescentes, frisou.

“Na Venezuela, há 50 anos, a taxa de fecundidade era de 6,5 [por cada mil mulheres] e agora é de 2,2 e a da gravidez em adolescentes estava em 130”, disse Caro.

Sobre os motivos, explicou que em primeiro lugar está “um assunto cultural que mistura o papel da mulher, a maternidade e o reprodutivo”.

“É algo que se vê com mais força nos níveis [de população] com mais pobreza, em que a mulher busca a sua realização na reprodução”, disse o representante do UNFPA.

Como segunda causa, aponta o acesso limitado a contracetivos, “sobretudo nas instituições públicas de acesso gratuito” e a escassez de serviços diferenciados para adolescentes.

“Os dados fazem parte de um processo regular de trabalho, de um acompanhamento das políticas públicas sobre gravidez adolescente, são dados regulares”, sublinhou Caro.

O representante do UNFPA explicou ainda que aquele organismo, juntamente com o Estado venezuelano, preparou “nos últimos cinco anos”, o “Plano Nacional para a Redução da Gravidez Precoce e na Adolescência”, cujo ponto central é a educação sexual.

Essa educação, disse, é feita a nível curricular, em todos os níveis da educação, desde a pré-escolar ao bacharelato, pondo ênfase no projeto de vida e na realização profissional para além do tema da maternidade.

“Temos estado a formar docentes, oficializando currículos (…) e, este ano em que há o regresso presencial às aulas, está-se a implementar a nível nacional”, disse Caro.