“O que será numa data não antes de 01 de maio”, afirmou hoje à agência Lusa Alberto Machado, que defendeu que se deveria “manter o serviço em Vila Pouca de Aguiar e abrir um novo em Chaves” para dar resposta à falta de camas nos cuidados paliativos na região Norte.
Contactado pela Lusa, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) esclareceu que o que “está em curso é a deslocação, não o encerramento, da unidade de cuidados paliativos deste centro hospitalar, para a unidade hospitalar de Chaves”.
“Com esta mudança, o centro hospitalar disponibilizará um espaço físico renovado aos seus doentes, com cerca de 20 camas, adaptadas às necessidades específicas desta valência, e integradas numa estrutura hospitalar, cumprindo, desta forma, diretrizes da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos”, acrescentou.
Para a cidade de Chaves serão também, de acordo com Alberto Machado, transferidos os assistentes operacionais, enfermeiros e médicos que trabalham naquela unidade.
A unidade de Vila Pouca de Aguiar tem 18 camas, funciona junto ao centro de saúde da sede do concelho, e, segundo Alberto Machado, atualmente as despesas de “infraestruturas, luz, água, aquecimento, manutenção” são “todas suportadas” pela Câmara Municipal e “nem isso pagava” o CHTMAD.
Nos próximos dias, o autarca promete desdobrar-se em esforços para tentar reverter esta decisão, mas afirmou que “já por mais de 10 vezes” tentou, sem sucesso, uma reunião com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte).
Disse que pedirá uma reunião com o secretário de Estado com competências nesta matéria, insistirá com a ARS-Norte, irá ainda marcar encontro com os funcionários e técnicos da unidade de cuidados paliativos de Vila Pouca de Aguiar, comunicar este assunto aos deputados na Assembleia da República eleitos por Vila Real, bem como dará conhecimento deste encerramento ao Presidente da República.
“O que nós pensámos é que deve ser revertida esta decisão porque o que ouvimos dizer ao Governo e Ministério da Saúde é que Portugal é extremamente carente em cuidados paliativos”, sublinhou.
O autarca apontou ainda para o Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos de Portugal 2021/22, que foi feito pelo Ministério da Saúde, onde é referido que o Norte de Portugal “precisaria de 161 camas nos cuidados paliativos e tem 85”.
“E vão fechar 18 camas em Vila Pouca e abrir 20 em Chaves. Nós não pomos em causa abrir em Chaves, mas o que nós pomos em causa é fechar um serviço pré-instalado, que tem sempre avaliações de ‘bom' e ‘muito bom’ por parte dos utentes e familiares dos utentes”, sublinhou.
O autarca disse não entender “esta estratégia, ainda por cima num país que se diz ter como principal objetivo a coesão territorial”.
Alberto Machado considerou ainda que a lei da eutanásia, que tem estado em debate em Portugal, veio alertar para a necessidade de se reforçarem os cuidados paliativos no país.
“Mas o que constatamos, depois na prática, é o contrário. Fecham-se os que existem, abrem-se outros. Com certeza que se vai para a televisão dizer que se abriram mais camas de cuidados paliativos no Interior Norte e esquecem-se, não referem - e aí é que está a mentira - das que fecharam nos meios mais pequenos”, salientou.
Alberto Machado disse que esta decisão reflete “falta de planeamento” e uma “contradição das palavras para os atos e para os factos”.
Foi também lançada uma petição em defesa da manutenção da unidade de cuidados paliativos em Vila Pouca de Aguiar que hoje contava com 1.112 assinaturas.
O texto do abaixo-assinado apela a que não seja fechada a unidade e alerta para a “rede já tão escassa destes serviços”.
Destaca ainda a “excelência do pessoal” que ali trabalha, bem como “dos cuidados que prestam” não só na vertente clínica, mas também no apoio as famílias, os equipamentos que “dão condições de dignidade e respeito, acolhimento e serenidade” aos doentes.
A petição lembra ainda o trabalho desenvolvido pelo grupo de voluntários que “abraçaram de alma e coração esta casa”.
O CHTMAD referiu ainda congratular-se “com a melhoria que pretende para a qualidade dos cuidados prestados”, acrescentando, também, que se encontra a trabalhar, em conjunto com as entidades locais e a ARS-Norte, “alternativas que permitam dar resposta às necessidades da população que serve”.
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